
As autoridades sírias afirmaram que estão a trabalhar para “restaurar a ordem” no oeste do país, antigo bastião do Presidente deposto Bashar al-Assad, onde 568 civis foram mortos em três dias, segundo uma ONG.
"Quinhentos e sessenta e oito civis alauitas foram mortos nas regiões costeiras da Síria e nas montanhas de Latakia pelas forças de segurança e grupos afiliados”, de acordo com um novo relatório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não governamental que acompanha a violência no país, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
As igrejas sírias também condenaram os “massacres de civis inocentes”, depois de centenas de pessoas terem sido mortas em três dias no bastião da minoria muçulmana alauita na Síria, segundo uma ONG. A costa síria, no oeste do país, bastião da comunidade alauita, de onde provém o Presidente deposto Bashar al-Assad, é também o lar de minorias cristãs e ismaelitas, num país onde a maioria dos habitantes são muçulmanos sunitas.
A violência eclodiu na quinta-feira após vários dias de tensões na região de Latakia, as primeiras desta magnitude desde a tomada do poder, a 8 de dezembro, na Síria, de uma coligação rebelde liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham, HTS.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) registou mais de 500 civis alauitas mortos no oeste do país, dando conta de "execuções em bases sectárias ou regionais".
"Nos últimos dias, a Síria tem vivido uma perigosa escalada de violência, brutalidade e assassinatos, levando a ataques contra civis inocentes, incluindo mulheres e crianças", afirmaram os patriarcas das igrejas cristã ortodoxa, católica melquita e siríacos ortodoxos, num comunicado conjunto.
Condenaram veementemente qualquer ato que ameace a paz civil, bem como os massacres contra civis inocentes, apelando ao fim imediato destes atos horríveis.
Na sexta-feira, a administração autónoma curda, que controla uma grande parte do nordeste da Síria, apelou a "todas as forças políticas envolvidas para se juntarem num diálogo nacional" para "uma solução política abrangente".
Por seu lado, o influente líder religioso druso, o xeque Hikmat al-Hajri, também apelou ao fim imediato da violência.
Desde que chegou ao poder, o Presidente interino da Síria, Ahmad al-Chareh, tem tentado tranquilizar as minorias e apelou às suas forças para que mostrem moderação e evitem qualquer desvio sectário, mas esta linha não é necessariamente partilhada por todas as fações que operam sob o seu comando, segundo os analistas.
Esta violência é a primeira desta dimensão desde que uma coligação rebelde liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS) tomou o poder na Síria, a 8 de dezembro.
Os ataques eclodiram na quinta-feira, após vários dias de tensão na região de Latakia, reduto da minoria muçulmana alauita, da qual o clã Assad é descendente.
O número de mortos na sequência da violência ascende assim a 760, incluindo 213 membros das forças de segurança e combatentes leais ao clã Assad, de acordo com o OSDH.
Esta ONG sediada no Reino Unido, que dispõe de uma vasta rede de fontes na Síria, aponta para "execuções numa base sectária ou regional" acompanhadas de "pilhagem de casas e propriedades".
A França "condenou com a maior veemência possível as atrocidades cometidas contra civis numa base sectária e contra prisioneiro" na Síria e as igrejas locais também denunciaram "massacres de civis inocentes" e apelaram ao “fim imediato destes atos horríveis".