Do total de mortes registadas na quarta-feira, seis ocorreram na cidade e província de Maputo, três em Nampula, um em Sofala e um em Inhambane, indicam dados enviados hoje à Lusa pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Decide, que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique.
Ainda na quarta-feira foram baleadas 14 pessoas e detidas outras sete.
Desde que se iniciaram os protestos pós-eleitorais, em 21 de outubro, com confrontos violentos entre a polícia e manifestantes, pelo menos 311 pessoas morreram, 630 foram baleadas e um total de 4.236 detidas, segundo a plataforma eleitoral.
A polícia recorreu, na quarta-feira, a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar manifestantes que contestavam, a cerca de 300 metros do local da investidura, no centro de Maputo, a posse do Presidente da República, Daniel Chapo.
A capital moçambicana esteve sob fortes medidas de segurança e já tinha havido outras intervenções da polícia para dispersar, com tiros, manifestantes em protesto que incendiaram pneus na estrada, à entrada do centro de Maputo, pouco antes da cerimónia de investidura.
Os manifestantes, organizados em diferentes grupos, gritavam ainda "Salve Moçambique" e entoavam o hino moçambicano, afirmando que pretendiam assistir à tomada de posse, mas foram impedidos pela polícia.
Daniel Chapo foi investido, na quarta-feira, como quinto Presidente da República de Moçambique, o primeiro nascido já depois da independência do país, numa cerimónia com cerca de 2.500 convidados.
Em 23 de dezembro, Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) também venceu.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, convocou três dias de paralisação e manifestações, desde segunda-feira, contestando a tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia da República e a investidura do novo Presidente da República.
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.
LN (PVJ) // ANP
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