
Esta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ter tido uma “longa e produtiva conversa telefónica” com o presidente russo Vladimir Putin. Os pormenores da conversa foram divulgados num longo post na rede social Truth.
“Discutimos a Ucrânia, o Médio Oriente, a energia, a inteligência artificial, o poder do dólar e vários outros assuntos. Ambos reflectimos sobre a grande história das nossas nações e o facto de termos lutado juntos com tanto sucesso na Segunda Guerra Mundial, recordando que a Rússia perdeu dezenas de milhões de pessoas e que nós também perdemos muitas!”, escreveu. "Milhões de pessoas morreram numa guerra que não teria acontecido se eu fosse Presidente, mas aconteceu, por isso tem de acabar. Não se devem perder mais vidas!", acrescentou referindo-se à Guerra na Ucrânia.
Vários dirigentes políticos europeus manifestaram-se acerca do telefonema. Os chefes das diplomacias espanhola, alemã e francesa garantiram, esta quinta-feira, que qualquer decisão sobre a Ucrânia terá obrigatoriamente que envolver Kiev e os europeus.
“Não haverá paz justa e duradoura na Ucrânia sem a participação dos europeus”, disse, em Paris, o ministro francês Jean-Noël Barrot. Também a alemã Annalena Baerbock e o espanhol José Manuel Albares Bueno deixaram claro que “nenhuma decisão sobre a Ucrânia pode ser tomada sem a Ucrânia”.
"Estamos a falar de um país soberano com um governo democraticamente eleito. Além disso, nada que afete a segurança europeia - e a agressão da Rússia à Ucrânia ameaça diretamente a segurança europeia - pode ser decidido sem a Europa", afirmou Albares Bueno.
O telefonema entre Trump e Biden ocorreu num momento em que Paris recebia uma conferência sobre defesa europeia e a Ucrânia, com a participação de representantes da França, Alemanha, Polónia, Espanha, Itália, Reino Unido e Ucrânia.
"Abandonar a Ucrânia, forçando-a a capitular, seria consagrar definitivamente a lei do mais forte e estender um convite a todos os déspotas e tiranos do planeta para invadirem impunemente os seus vizinhos", reagiu o ministro francês Jean-Noël Barrot, na conferência.
O Governo alemão também rejeitou esta quinta-feira uma paz imposta à Ucrânia e lamentou que os Estados Unidos já estivessem a fazer concessões à Rússia antes do início das negociações sobre um eventual fim da guerra.
"A próxima tarefa é garantir que não haja uma paz imposta" à Ucrânia, declarou o chanceler alemão, Olaf Scholz, exigindo, em particular, que Kiev possa manter "um exército forte" após qualquer acordo. Ainda "não é claro em que condições a Ucrânia estaria disposta a aceitar um acordo de paz", disse Scholz numa entrevista ao 'site' de notícias Politico, citada pela agência francesa AFP.
Scholz considerou, no entanto, que as discussões que teve com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e as que teve entre os seus conselheiros, "permitem esperar e assumir que os Estados Unidos continuarão a apoiar a Ucrânia".