A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos (EUA), está a contestar judicialmente a decisão do Governo do Presidente Donald Trump de proibir a instituição universitária de matricular estudantes estrangeiros, considerando-a uma vingança política, foi esta sexta-feira divulgado.

Numa ação judicial interposta hoje num tribunal federal de Boston, a universidade alega que a medida da administração norte-americana viola a Primeira Emenda da Constituição e terá um "efeito imediato e devastador para Harvard e para mais de 7.000 titulares de vistos".

"Com uma simples assinatura, o Governo tenta eliminar um quarto do corpo estudantil de Harvard - estudantes internacionais que contribuem significativamente para a universidade e para a sua missão", escreveu a instituição no processo.

Harvard informou que planeia apresentar uma providência cautelar para impedir o Departamento de Segurança Interna de aplicar as novas regras, que impedem a inscrição de estudantes estrangeiros naquela universidade e obriga os atuais alunos estrangeiros a pedir a transferência.

Faith Ninivaggi/Reuters

Onze estudantes portugueses entre quase 6.800 estrangeiros

A Universidade de Harvard acolhe quase 6.800 estudantes estrangeiros no seu 'campus' em Cambridge, no estado de Massachusetts, sendo a maioria deles alunos de pós-graduação oriundos de mais de 100 países, incluindo Portugal, que tem 11 estudantes, segundo esta infografia da agência Reuters.

A administração republicana liderada por Trump anunciou a decisão na quinta-feira, acusando Harvard de criar um ambiente inseguro no 'campus' ao permitir que "agitadores antiamericanos e pró-terroristas" ataquem estudantes judeus.

O Governo acusa ainda Harvard de se coordenar com o Partido Comunista Chinês, alegando que a universidade acolheu e treinou membros de um grupo paramilitar chinês.

No início deste mês, o presidente de Harvard, Alan Garber, disse que a universidade fez mudanças nas suas políticas internas, no último ano e meio, que incluem medidas para combater o antissemitismo.

Garber acrescentou que Harvard não abdicaria dos seus "princípios fundamentais e legalmente protegidos".

Sobre as alegações levantadas pelos congressistas republicanos sobre a coordenação com o Partido Comunista Chinês, Harvard prometeu uma resposta para breve.

A ameaça às matrículas de alunos internacionais em Harvard decorre de um pedido feito a 16 de abril pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, que exigiu que a universidade fornecesse informações sobre estudantes estrangeiros potencialmente envolvidos em casos de violência ou manifestações de protesto.

Na altura, Kristi Noem admitiu que Harvard pudesse recuperar a sua capacidade de acolher alunos internacionais se apresentasse uma lista com registos sobre o comportamento desses estudantes no prazo de 72 horas.

O pedido do Departamento de Segurança Interna foi entretanto atualizado, exigindo agora todos os registos, incluindo gravações de áudio ou vídeo, de estudantes estrangeiros que participam em protestos ou em atividades classificadas como perigosas no 'campus'.