O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump instou esta quinta-feira o Supremo Tribunal a resolver o problema que diz serem os juízes federais que bloquearam as suas decisões desde que regressou à Casa Branca, considerando esta uma "situação tóxica".

"Se o presidente do Supremo Tribunal, Roberts, e o Supremo Tribunal dos Estados Unidos não resolverem imediatamente esta situação tóxica e sem precedentes, o nosso país estará em grave perigo!", frisou Trump numa nota na sua rede social, a Truth Social, num novo ataque ao sistema judicial.

Trump pediu que terminem imediatamente "as injunções nacionais, antes que seja tarde demais".

"Os mandados de segurança ilegais em todo o país por parte de juízes da esquerda radical podem muito bem levar à destruição do nosso país! Estas pessoas são lunáticas, que não se importam, minimamente, com as repercussões das suas decisões e decisões muito perigosas e incorretas", frisou.

O chefe de Estado norte-americano defendeu que é "obrigação das agências governamentais cumpridoras da lei anular estas ordens".

"Estes juízes querem assumir os poderes da Presidência, sem terem de atingir 80 milhões de votos. Querem todas as vantagens sem qualquer risco. Mais uma vez, é necessário que um presidente seja autorizado a agir rápida e decisivamente sobre questões como a devolução de assassinos, traficantes, violadores e outros criminosos semelhantes à sua terra natal ou a outros locais que permitam que o nosso país esteja seguro", frisou ainda.

A mensagem surge dois dias depois de uma rara reprimenda do presidente do Supremo Tribunal, John Roberts.

"Durante mais de dois séculos, ficou estabelecido que o impeachment não é uma resposta apropriada a um desacordo sobre uma decisão judicial", disse em comunicado, sem nomear diretamente Donald Trump.
"O processo ordinário de recurso existe para este efeito", enfatizou.

As declarações de Roberts foram feitas após um apelo do presidente republicano ao "impeachment" [processo de destituição, em português] de James Boasberg, um juiz federal em Washington.

O magistrado tinha ordenado no fim de semana a suspensão por 14 dias de todas as expulsões de migrantes com base numa lei excecional do século XVIII e, em particular, exigiu que a expulsão para El Salvador de cerca de 200 alegados membros de um gangue venezuelano fosse interrompida.

Muitas das ordens executivas de Donald Trump desde que regressou à Casa Branca, a 20 de janeiro, foram contestadas em tribunal, muitas vezes suspensas por juízes que acreditam que o presidente norte-americano estava a exceder os seus poderes.

Seis dos nove juízes que compõem o Supremo Tribunal são conservadores. Três deles foram nomeados pelo próprio Donald Trump durante o seu primeiro mandato (2017-2021).