O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou esta quinta-feira aos países do G20 para atuarem como força para a paz e estabilidade mundiais e enalteceu a abertura de uma oportunidade para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Wang Yi disse aos homólogos do G20, num encontro em Joanesburgo, que se está a abrir uma "janela para a paz" na Ucrânia, alguns dias depois de uma reunião entre altos funcionários russos e norte-americanos, em Riade, Arábia Saudita.

"Devemos trabalhar juntos como guardiões da paz mundial", disse. "Todos os países devem respeitar a soberania e a integridade territorial uns dos outros, bem como a sua escolha, independente do caminho de desenvolvimento e sistema social", sublinhou.

Desde o início do conflito, a China manteve uma posição ambígua, pedindo respeito pela "integridade territorial de todos os países", incluindo a Ucrânia, e atenção às "preocupações legítimas de segurança de todos os países", referindo-se à Rússia.

Apesar do conflito, Pequim reforçou os laços económicos e políticos com Moscovo.

"A humanidade é uma comunidade com um futuro partilhado e uma comunidade de segurança indivisível. A segurança de um país não deve ser feita à custa da segurança de outros, e as preocupações legítimas de segurança de todos os países devem ser levadas a sério", sublinhou Wang Yi, numa critica velada ao alargamento da NATO, que Pequim culpa pelo conflito, à semelhança de Moscovo.

Nas vésperas da invasão russa, em 2022, China e Rússia denunciaram, numa declaração conjunta, a influência dos Estados Unidos e o papel das alianças militares ocidentais na Europa e na Ásia como "desestabilizadores".

No documento, os líderes dos dois países, Vladimir Putin e Xi Jinping, afirmaram-se então "contrários a qualquer futuro alargamento da NATO" e denunciaram a "influência negativa da estratégia [para o] Indo-Pacífico dos EUA sobre a paz e a estabilidade na região".

O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse agora que a "janela para a paz está a abrir-se", reiterando que a China "defendeu sempre uma resolução rápida e pacífica da crise e continuará a desempenhar um papel construtivo na sua resolução política".

"Devemos resolver pacificamente as diferenças entre os países através do diálogo e da negociação, e resolver politicamente as questões internacionais e regionais, sem recorrer a confrontos em bloco ou interferir nos assuntos internos de outros países", afirmou Wang Yi.

Altos funcionários norte-americanos e russos discutiram esta semana, em Riade, formas de pôr fim ao conflito na Ucrânia, que está quase a entrar no terceiro ano.

O encontro visou também a restauração das suas relações e poderá abrir caminho a uma cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Vladimir Putin.