A história de Gisèle Pelicot, drogada pelo marido e depois violada por dezenas de homens, contratados pelo próprio, ao longo de quase 10 anos, chocou o mundo inteiro em setembro do ano passado. Agora, a francesa que se tornou um símbolo internacional de coragem e superação, anunciou que irá publicar um livro de memórias intitulado de "A Hymn to Life" ("Um Hino à Vida").
"O apelo de Gisèle Pelicot para que a vergonha mude de lado nos casos de abuso sexual e o poder das mensagens que enviou ao mundo geraram uma reação pública extraordinária e comoveram mulheres e homens em todo o mundo", lê-se na sinopse do livro em pré-venda na página da Waterstones , uma famosa cadeia de livrarias britânica .
A publicação de "A Hymn to Life", que terá cerca de 300 páginas, está prevista para o final de janeiro de 2026 e será publicada em mais de 20 idiomas diferentes.
“Agora quero contar a minha história com as minhas próprias palavras. Através deste livro, espero transmitir uma mensagem de força e coragem a todos aqueles que são submetidos a provações difíceis. Que nunca sintam vergonha. E que, com o tempo, possam até aprender a saborear a vida novamente e encontrar a paz", disse Gisèle Pelicot, citada pelo The Guardian .
Crime aconteceu na França e chocou o mundo inteiro
Foi a 3 de setembro de 2024 que começou o julgamento de um dos casos que mais chocou a França e o resto do mundo. Na altura, Gisèle Pelicot, uma mulher francesa de 72 anos, pediu que a audiência fosse aberta para tornar o caso público e aumentar a consciencialização sobre o tema.
Durante as buscas, os investigadores encontraram no computador de Dominique Pelicot milhares de fotografias e vídeos que mostram Gisele, visivelmente inconsciente, a ser abusada sexualmente.
Além do ex-marido, entretanto condenado a 20 anos de prisão, outros 50 homens foram constituídos co-arguidos no caso por terem violado a vítima, entre julho de 2011 e outubro de 2020.
Dominique Pélicot não só violou a mulher como "ensinou" as práticas a outro homem. O francês Jean-Pierre Maréchal, de 63 anos, admitiu em tribunal ter abusado sexualmente da mulher por 12 vezes.
A filha do casal, Caroline Darian, afirmou ser vítima das ações do pai e chegou mesmo a acusá-lo de a ter violado. Embora sem provas, a mulher de 46 anos disse ter visto fotografias suas inconsciente numa cama em roupa interior, que terão sido tiradas pelo pai.
Desde que o caso se tornou público, Gisèle Pelicot tornou-se no rosto da luta contra a opressão das mulheres.