Um vereador na Câmara de Valongo foi esta terça-feira constituído arguido na sequência das buscas da Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de corrupção no licenciamento de um restaurante da cadeia McDonald's naquele concelho do distrito do Porto.

Fontes policiais adiantaram à agência Lusa que em causa estão suspeitas de corrupção e de outros crimes económicos envolvendo o vereador Paulo Esteves Ferreira, que tem os pelouros das Obras Públicas e Particulares, Mobilidade e Financiamento Comunitário e será o candidato do PS à Câmara Municipal de Valongo nas autárquicas; um responsável que trabalha no sector da expansão da McDonald's Portugal e um promotor imobiliário.

Os três visados foram constituídos arguidos no âmbito deste inquérito, que investiga crimes de corrupção nos setores público e privado, prevaricação e violação das regras urbanísticas.

Segundo as mesmas fontes, o promotor imobiliário terá dado patrocínios ao Clube de Propaganda de Natação de Valongo, obtendo, supostamente, como contrapartida do vereador, "facilidades e rapidez" no licenciamento urbanístico de um restaurante da multinacional.

Do funcionário da McDonald's Portugal, o empresário ligado ao ramo imobiliário receberia "informações privilegiadas" sobre as novas lojas que a cadeia internacional pretendia construir no Norte do país, nomeadamente no concelho de Valongo.

Em troca destas informações, o funcionário da multinacional da restauração terá recebido dinheiro do empresário, em várias ocasiões, entre 2020 e 2022.

Além da Câmara de Valongo, os inspetores da PJ estão a realizar buscas em empresas em Braga e no distrito de Lisboa, nomeadamente às sedes da empresa imobiliária e da McDonald's Portugal.

"A Câmara Municipal de Valongo confirma a presença de elementos da Polícia Judiciária nas suas instalações, no âmbito de uma investigação relacionada com processos urbanísticos, tendo prontamente disponibilizado todos os documentos solicitados. A autarquia está totalmente disponível para continuar a colaborar com as autoridades e para prestar todos os esclarecimentos adicionais que sejam solicitados", refere o município, em resposta enviada à Lusa.