A presidente da Comissão Europeia disse ontem esperar, em seis dias, um acordo de princípio com Washington para evitar tarifas adicionais sobre produtos europeus, mas garantiu ter "todos os instrumentos em cima da mesa" face a um eventual desacordo.

"Estamos a apontar para o 09 de julho, [mas] é uma tarefa enorme porque temos o maior volume de comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos - 1,5 biliões de euros -, [o que é] muito complexo e uma quantidade enorme e, de facto, o que pretendemos é um acordo de princípio porque num volume tão grande, em 90 dias, um acordo de pormenor seria impossível", afirmou Ursula von der Leyen.

A presidente do executivo comunitário falava numa conferência de imprensa na cidade dinamarquesa de Arhus, durante a visita do colégio de comissários à Dinamarca, país que assume este semestre a presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE).

Von der Leyen referia-se ao prazo de 09 de julho, que foi definido informalmente pelos Estados Unidos (EUA) como data-limite para concluir um acordo comercial com o bloco comunitário para evitar a aplicação de tarifas punitivas de até 20% sobre produtos europeus.

"As negociações com os Estados Unidos estão a decorrer neste preciso momento -- o comissário [europeu do Comércio, Maros] Sefcovic está hoje em Washington -- e só quero dizer que estamos prontos para um acordo. Queremos uma solução negociada, mas saberão que, ao mesmo tempo, estamos a preparar-nos para a possibilidade de não se chegar a um acordo satisfatório", referiu Ursula von der Leyen.

Apontando que foi por isso que foi criada uma lista de reequilíbrio com produtos norte-americanos que podem ser tarifados, a responsável garantiu: "Defenderemos o interesse europeu na medida do necessário, do indispensável, ou por outras palavras temos todos os instrumentos em cima da mesa".

Face às atuais tensões geopolíticas, a líder do executivo comunitário indicou contar com a presidência dinamarquesa para, até 31 de dezembro, alcançar "resultados" no que toca a finalizar acordos comerciais com outros blocos, como Mercosul, México e Índia.

As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios do Presidente Donald Trump de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas, entretanto, suspensas por 90 dias.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial da UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal.

Bruxelas quer conseguir negociar com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado.

Segundo a Comissão Europeia, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

A Dinamarca assume desde terça-feira a presidência rotativa do Conselho da UE, que se estenderá até ao final do ano. O país sucede à Polónia, que assumiu a presidência no primeiro semestre deste ano, e será depois seguido por Chipre no início de 2026.

Numa altura de incerteza, promovida pelos vários conflitos em curso e pela concorrência estratégica e económica global, Copenhaga quer garantir que o bloco comunitário é capaz de agir de forma autónoma e quer torná-lo mais seguro e mais "verde".