O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje que um míssil balístico russo produzido na Coreia do Norte e que foi usado num ataque mortal contra Kiev continha componentes de fabrico norte-americano.

"O míssil que matou civis em Kiev continha pelo menos 116 componentes de outros países, a maioria dos quais, infelizmente, foram fabricados por empresas norte-americanas", descreveu o Presidente ucraniano numa declaração no Telegram.

A falta de pressão sobre a Rússia permite ao Kremlin importar estes mísseis e outras armas e utilizá-los aqui na Europa", prosseguiu Zelensky.

Na quinta-feira, o líder ucraniano revelou que a Rússia usou um míssil balístico de fabrico norte-coreano no ataque realizado na madrugada anterior em Kiev, que matou pelo menos 12 pessoas e deixou cerca de uma centena de feridos.

"De acordo com informações preliminares, os russos utilizaram um míssil balístico de fabrico norte-coreano. Os nossos serviços especiais estão a verificar todos os detalhes", afirmou Zelensky nas redes sociais.

Na mensagem então divulgada, o líder ucraniano realçou que, a confirmar-se a informação, será "mais uma prova da natureza criminosa da aliança" entre Moscovo e Pyongyang.

"Matam pessoas e atormentam vidas juntos, esse é o único objetivo da sua cooperação. A Rússia usa mísseis e artilharia [norte-coreanos] continuamente. Pyongyang, por sua vez, tem a oportunidade de tornar as suas armas mais letais em condições reais de guerra", observou.

Esta não é a primeira vez que a Ucrânia acusa a Rússia de utilizar mísseis balísticos fornecidos pela Coreia do Norte.

De acordo com uma declaração em novembro passado do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, a Rússia recebeu sistemas de artilharia autopropulsada M-1989 e M-1991 de 170 milímetros da Coreia do Norte, juntamente com cerca de cem mísseis KN-23 e pelo menos cinco milhões de cartuchos de munições.

O último ataque russo com mísseis da Coreia do Norte tinha ocorrido em dezembro de 2024 contra Kiev, de acordo com as autoridades ucranianas, seguindo-se a outros executados em junho e em setembro do ano passado.

Kiev acusou também a China de ajudar o seu parceiro russo a contornar as sanções ocidentais, permitindo-lhe adquirir os componentes tecnológicos necessários para a sua produção de armas para a guerra.

Na quinta-feira, o Reino Unido anunciou a proibição da exportação para a Rússia de comandos de videojogos, que poderiam ser utilizados para controlar 'drones', bem como circuitos eletrónicos com possibilidade de uso em sistemas de armas russos.

"Mesmo entre os esforços diplomáticos internacionais para pôr fim a esta guerra, a Rússia continua a assassinar civis. Isto significa que [o Presidente russo, Vladimir] Putin não tem medo", avisou.

Para o Presidente da Ucrânia, "deve haver uma cessação completa e incondicional dos ataques, e a Rússia deve aceitar isso", ao mesmo tempo que pediu o reforço das defesas antiaéreas do seu país.

No mesmo dia, o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que tem o seu próprio prazo para um acordo entre Rússia e Ucrânia e insistiu que espera um entendimento rápido, após ter criticado Kiev pela demora e Moscovo pelos seus últimos ataques.

Já hoje, o líder da casa Branca advertiu que a Ucrânia deve preparar-se para ceder a península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscovo em 2014, como parte das negociações.

A Rússia tem fustigado a Ucrânia com intensos bombardeamentos diários desde que o Presidente ucraniano propôs no domingo a extensão da trégua que vigorou na Páscoa - declarada unilateralmente por Putin e aceite por Kiev - a um cessar-fogo de 30 dias nos ataques aéreos contra infraestruturas civis.

O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu hoje o emissário norte-americano Steve Witkoff para discutir o plano de paz da Casa Branca, informou o Kremlin.

Antes do encontro com Putin, Witkoff teve uma breve reunião com o negociador económico russo Kiril Dmitriev.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, Kiev já anunciou que encontrou componentes dos Estados Unidos e de outros países ocidentais em munições utilizadas por Moscovo, listadas pelas autoridades num 'site' governamental.