
A mãe avisou-o para não arranjar namorada na faculdade: “É mais seguro não ter sentimentos.” A convicção que a progenitora expressou ao “The Athletic” era a de que Cooper Flagg não ia passar muito tempo na Universidade de Duke. O prodigioso matulão que carregou na barriga deixou de ser apenas o seu menino assim que o jeito para o basquetebol o fez ser apontado à primeira escolha do Draft da NBA na altura em que ainda estava na escola secundária.
Duke, apontada como a equipa favorita à vitória, caiu na meia-final do torneio NCAA ao desperdiçar uma vantagem de 14 pontos frente a Houston, que vai decidir o título universitário diante de Florida. Cooper Flagg entregou 27 pontos, sete ressaltos e quatro assistências às mais de 68 mil pessoas na bancada naquele que deve ter sido o último jogo pelos Blue Devils.
Cooper Flagg ainda não se declarou formalmente ao Draft da NBA, mas tudo indica que o venha a fazer. O próprio treinador, Jon Scheyer, já disse que espera que o jogador natural de Maine siga o “próximo sonho”. Além disso, não há Mock Draft, previsão dos sites especializados, que não coloquem o seu nome na primeira escolha.
Jogador de 2,06m, Flagg é tudo o que a NBA tem procurado nos últimos anos: atletas altos, móveis e ágeis (com e sem bola). Ser escolhido na posição mais alta do Draft significa quebrar uma tendência. Nos últimos dois anos, a pick #1 recaiu sobre jogadores franceses, Victor Wembanyama e Zaccharie Risacher. Os dois gauleses chegaram à liga norte-americana sem qualquer experiência no basquetebol universitário. Ainda que apenas durante uma temporada, Flagg teve impacto no contexto de recrutamento predileto da NBA, sendo reconhecido com o Wooden Award. Apenas três jogadores receberam a distinção atribuída ao Jogador do Ano na época de estreia no college (Kevin Durant, Anthony Davis e Zion Williamson, todos All-Stars).
O potencial de Cooper Flagg pôs as equipas da NBA a fazerem contas. As menos bem-sucedidas têm maior probabilidade de o selecionarem. Tamanha vontade pode levar a que as derrotas não sejam assim tão más. É o chamado tanking, perder jogos de forma quase propositada de modo a aumentar as chances de uma escolha no topo do Draft.
Haverá pouca novidade no dia em que Flagg se encontrar com jogadores da estirpe de Lebron James. Ainda tinha ele 17 anos e nenhuma experiência no basquetebol universitário quando foi convidado para se juntar à preparação da equipa dos Estados Unidos que veio a estar nos Jogos Olímpicos de Paris. Um gato na alcateia.