
O antigo futebolista Álvaro Magalhães, treinador-adjunto do Benfica no título de 2004/05, desvaloriza a pressão do dérbi de sábado que pode decidir o campeão nacional e garante que a Luz "é um inferno" de motivação.
"Só quem esteve dentro do campo, só quem conhece aquele estádio, é que sabe, perfeitamente, o que é estar dentro do campo e ouvir os aplausos, os incentivos, o apoio que vem de fora é exorbitante, é uma coisa inesquecível", enfatizou o ex-adjunto do italiano Giovanni Trapattoni nos encarnados, em declarações à agência Lusa.
O ex-lateral esquerdo, que vestiu a camisola do Benfica durante nove épocas, conquistando quatro campeonatos, enaltece a força dos adeptos benfiquistas.
"Os jogadores sabem que vão ter 60 mil adeptos, fora aqueles que estão cá fora, mas dentro do campo vão ter 60 mil a apoiar o Benfica para ganhar o jogo. Isto é o inferno... e penso que é uma alegria representar o Benfica e sentir esse apoio", reforçou.
No dérbi de sábado, da 33.ª e penúltima jornada da Liga Betclic, com início às 18:00, Sporting e Benfica partem em igualdade pontual, num jogo em que ambos podem ser campeões na Luz: vitória do Sporting ou vitória por dois golos do Benfica. Mas Álvaro Magalhães retira pressão.
"Se se está a representar o Benfica, já há pressão. Se alguém não aguentar a pressão, não pode vestir aquela camisola. Portanto, para os jogadores ficarem mais confiantes e confortáveis, é sentir o apoio de fora, que é uma coisa incrível", sustentou.
O Benfica tem de jogar à Benfica. Tem de ter a garra, tem de jogar, tem de sentir a mística do Benfica, tem de ter determinação, espírito de sacrifício e uma pontinha de sorte
Álvaro Magalhães
Antigo jogador e treinador do Benfica
ANo grande jogo, o antigo lateral diz que só um "Benfica à Benfica" pode discutir o jogo, com cautelas redobradas para com o avançado sueco dos leões, Viktor Gyökeres, melhor marcador da 1ª Liga (38 golos).
"O Benfica tem de jogar à Benfica. Tem de ter a garra, tem de jogar, tem de sentir a mística do Benfica, tem de ter determinação, espírito de sacrifício e uma pontinha de sorte, que nestes grandes clássicos é preciso ter um pouquinho", disse.
Para ter sucesso, Álvaro Magalhães pede também concentração no máximo, lembrando que as águias não jogam sozinhas e têm pela frente um oponente de muita qualidade.
"Não pode haver falhas, porque são duas grandes equipas, o Sporting também tem jogadores de grande qualidade e é preciso ter muita atenção a um jogador que é o Gyökeres, ou outros também de grande valor, mas o Gyökeres tem que se fazer uma boa marcação", defendeu.
O ex-futebolista esclareceu ainda que não é preciso ter grandes conversas com os jogadores, mas sim uma semana tranquila, lembrando o que viveu na semana que antecedeu o dérbi de 2005, que deixou o Benfica com uma mão no campeonato, após vencer por 1-0.
"Tinham noção de que o jogo era importante para ganhar o campeonato. Portanto, não há necessidade de se falar muito. Isto é um segredo que podia guardar para mim, mas posso dizê-lo, nem é preciso falar muito com os jogadores de qualidade que o Benfica tem. São jogadores com um nível muito alto e sabem que no Benfica é para ganhar todos os jogos. É uma mensagem tranquila. Não se pode transmitir nervosismo aos atletas. Se vamos transmitir mais nervosismo aos atletas, então o sucesso não é possível", assinalou.
Recorde-se que, em 2004/05, Benfica e Sporting chegaram empatados à penúltima jornada (61 pontos), em jogo igualmente determinante, que deixou as águias com mais três pontos devido a um golo de Luisão aos 83 minutos e uma mão no título, que acabaria por conquistar na última jornada.