
Ivo Oliveira diz que conciliar o ciclismo de pista com o de estrada tem sido fácil e o sonho agora é Los Angeles 2028, onde prevê que a vertente vai receber maior atenção depois do ouro em Paris.
“Tem sido fácil. Acho que a equipa deu-nos uma abertura bastante grande agora para fazer os Europeus e deu para conciliar bastante bem. Estive em AlUla, depois Valência, e fui direto para os Europeus. E agora é focar a 100% na época de estrada e só temos os Mundiais, no Chile, praticamente em outubro”, enumerou.
Do velódromo de Heusden-Zolder, na Bélgica, o ciclista da UAE Emirates trouxe há uma semana duas medalhas, a prata na perseguição individual e o bronze no madison, ao lado do irmão gémeo Rui, vigente campeão olímpico desta prova, juntamente com Iúri Leitão.
“Estamos a demonstrar que não foi só a vaga dos Jogos, que foi para além disso. Não estamos em processo olímpico e, mesmo assim, correu muito bem, os resultados vieram. Somos dos melhores do mundo na pista e estamos a mostrar que não foi ao acaso aquilo”, analisou.
Os portugueses regressaram dos Europeus com seis medalhas e consolidaram a projeção do ciclismo de pista, alavancada no título olímpico de Rui Oliveira e Iúri Leitão, que se tornou o primeiro luso a ganhar duas medalhas na mesma edição dos Jogos, ao conquistar ainda a prata no omnium.
No verão passado, o gaiense de 28 anos esteve no velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines apenas como espetador, depois de ter sido ‘preterido’ nas escolhas do selecionador Gabriel Mendes, um ‘desgosto’ já ultrapassado.
“Eu sempre estive em paz [com o facto de não ter ido a Paris2024], porque, sabendo que só podiam ir duas pessoas, foram escolhidos os dois melhores atletas e isso viu-se: em duas vertentes, ganhámos duas medalhas, uma de prata e outra de ouro”, concedeu.
Agora, Ivo Oliveira vai tentar garantir o seu lugar no próximo ciclo olímpico, que ‘desemboca’ em Los Angeles, onde espera que o ciclismo de pista tenha uma visibilidade ainda maior.
“Com o título deles, eu acho que o ciclismo de pista foi muito mais falado e muito mais seguido. As pessoas já sabem o que é. Antes, nem faziam ideia do que era uma pista. Aquela visibilidade que eles tiveram depois ajudou imenso a que a pista crescesse. Isso foi positivo”, avaliou à agência Lusa.
O ciclista da UAE Emirates antevê que nos próximos Jogos o público possa prestar tanta atenção à pista como presta, por exemplo, ao atletismo, uma responsabilidade que os pistards lusos assumem sem preocupação.
“É óbvio que [os ciclistas que forem a Los Angeles2028] vão levar um bocado mais pressão, mas eu acho que o pessoal lida bem com a responsabilidade e com a pressão”, pontuou.
Após dois anos frenéticos, a somar pontos para qualificar Portugal para Paris2024, terá uma temporada mais sossegada na pista, com apenas duas corridas ao ano – os Europeus e os Mundiais -, o que lhe permite pensar mais na estrada.
“Estou a preparar-me para os próximos objetivos, que é o Paris-Nice, é uma corrida importante. Depois, objetivos pessoais tenho o contrarrelógio da Volta à Romandia, em que tento sempre vestir a amarela no primeiro dia. É complicado, mas é sempre aquele prólogo de três, quatro quilómetros que assenta muito bem às minhas características”, notou o campeão nacional de ‘crono’ de 2020.
Em entrevista à agência Lusa, durante a 51.ª Volta ao Algarve que hoje termina no alto do Malhão, Ivo Oliveira, que também foi campeão nacional de fundo em 2023, revelou ainda que tem como missão “tentar os sprints” com o irmão Rui e o colombiano Juan Sebastián Molano, já que ainda lhe falta uma vitória nessa ‘especialidade’.