Filipa Patão, treinadora do Benfica, antecipa o dérbi com o Sporting, da 15.ª jornada da Liga Feminina, a disputar no Estádio da Luz:
- É um jogo que pode ser decisivo para as contas deste campeonato, sabendo que, ainda por cima, SC Braga e Torreense se defrontam?
- Sim, as jornadas têm sido todas grandes e a verdade é que acabamos por perder pontos numa jornada em que, se calhar, ninguém esperava. Não foi contra o Sporting ou contra o SC Braga, o que já diz muito sobre aquilo que é o nosso campeonato. De nada nos serve ganhar este jogo se não continuarmos a ganhar progressivamente. Ou seja, é mais um jogo importante como todos são importantes. A forma como temos encaramos cada jogo é que tem feito com que esta equipa todos os anos consiga ser consistente o suficiente para sair vencedora. Não é só um jogo, não são só os adversários diretos, é aquilo que fazemos todos os dias e aquilo que fazemos todos os fins de semana.
- Mas agora é o Sporting…
- Sim. Agora, sabemos que estamos a jogar contra o segundo classificado e sabemos que isso pode impactar na própria capacidade que a equipa tem de estar confiante ou não para o resto do campeonato. Ainda assim vai ter pouco impacto, porque, ganhando, ficamos com seis pontos de vantagem. Mas de que nos serve se depois a seguir perdemos ou empatamos na jornada seguinte?
- Já tem mais de 20 dérbis no Benfica e 18 foram sempre com a mesma treinadora do outro lado. Agora é diferente, há outro treinador no Sporting. Que diferenças nota no atual Sporting?
- Sim, é verdade. Mas o plantel é o mesmo, as jogadoras são as mesmas. Cada treinador tem um impacto diferente no plantel com que trabalha e não vamos ser hipócritas e dizer que os treinadores são todos iguais e que os plantéis conseguem ter a mesma reação com diferentes treinadores. O Sporting continua a ser uma equipa com muita qualidade, como tem sido ao longo dos anos, além de ser um adversário bastante forte para competir. Agora terá algumas diferenças para aquilo que foi a equipa técnica anterior. Talvez seja mais vertical e mais incisiva no ataque ao último terço, mais incisiva também em zonas de cruzamento, com muitas jogadoras dentro da área para zonas de finalização. Mas não deixa de ter a sua característica de posse, porque é um Sporting que continua a querer ter bola, mas é um Sporting que não tem problema de ir mais aos corredores laterais e sem problemas de, em dois passos, procurar a profundidade ou situações de cruzamento. É mais vertical e mais pragmática, o que não quer dizer que se tenha mais ou menos qualidade que o Sporting da equipa técnica anterior. Esperamos, sim que o resultado final seja o mesmo e que consigamos acabar sempre por cima no final da época.
- «Quanto mais difícil for, melhor vai saber». Que significa esta sua frase?
- Sabemos que todos os jogos são difíceis e cada vez mais vão sendo mais difíceis, mas ninguém gosta de ganhar de forma fácil. A primeira coisa que, por vezes, nos diziam é que era fácil ganhar no nosso campeonato, por termos a melhor equipa e as melhores jogadoras. Tudo parece tudo fácil, não é? A verdade é que, por trás de tanta facilidade de que fala, está uma equipa de muito trabalho e muito comprometida todos os dias, porque sabemos que ganhar sempre não é fácil e acabar em primeiro não é fácil, ser melhor que os outros não é fácil. Volto a dizer: quanto mais difícil for este campeonato, quanto mais difícil for o adversário, mais gosto terá no final se acabarmos vitoriosos. A frase vem daí.
-Acha que Micael Sequeira apresentará alguma surpresa?
-Todos os treinadores, por vezes, procuram surpreender neste tipo de jogos e, por mais que tenhamos conhecimento aprofundado das equipas, sabemos que cada treinador também dá o seu cunho pessoal. E quando falo cunho pessoal é tentar surpreender, tentar alterar uma dinâmica ou outra, tentar condicionar o adversário de determinada forma. Acaba por ser igual seja com a Mariana [Cabral] ou com o Micael [Sequeira]. Se alguém tiver uma bola de cristal para isso, eu agradeço e compro-a já, mas não sabemos qual é o 11 do Sporting.
- Está à espera de mais reforços?
- Quanto aos reforços, não me tem que perguntar a mim, que eu só mando e só trabalho com o que está aqui. Não controlo mais nada. O novo reforço [Rakel Engesvik] é uma jogadora que acaba de chegar e que vem de férias, porque o campeonato de onde vem [Noruega] tem moldes diferentes. É uma jogadora que esteve parada e que vai ter que retomar os melhores índices físicos. Não estará na ficha deste jogo.
- Já jogaram várias vezes no Estádio da Luz. O sentimento é sempre especial?
- Ficamos sempre contentes, como é óbvio. Gostamos de jogar em grandes palcos e de estar em grandes estádios, mas também gostamos de jogar no nosso Seixal. Na verdade, gostamos é de jogar futebol e de dignificar o Benfica. Todos os dias e todos os jogos são um presente para nós e um presente muito bem aceite e que agarramos com todas as forças. Mas lanço o convite: o adepto do Benfica é tão ambicioso como nós e também quer fazer história. Portanto, venham à Luz!