
É portuguesa a vitória na etapa inaugural do circuito Challenger Series 2025! Francisca Veselko, de 22 anos, conquistou, este domingo, o triunfo no Newcastle Surfest, na Austrália, assumindo a liderança do ranking feminino do circuito que define as vagas de acesso ao circuito mundial do próximo ano. Num evento histórico para o surf nacional, destaque ainda para o 3.º posto de Teresa Bonvalot e o 5.º de Yolanda Hopkins.
Com três surfistas portuguesas em ação no dia final, havia a possibilidade de uma histórica final totalmente portuguesa. Nos quartos-de-final tudo se encaminhou para esse cenário, com Teresa Bonvalot a começar por vencer a japonesa Amuro Tsuzuki no heat 3, com 13,10 pontos, contra 9,26 da adversária.
No heat seguinte, Kika Veselko conseguiu um triunfo também sólido frente à norte-americana Kirra Pinkerton, com 12,17 pontos contra 6,90. Por fim, no quarto e último heat da ronda, Yolanda Hopkins até teve a melhor nota da disputa, com 9,17 pontos, mas acabou por ser superada pela jovem campeã europeia Tya Zebrowski, de apenas 14 anos, num dos melhores heats do campeonato, em que a francesa somou 16,04 pontos contra os 14,34 da portuguesa.
Ainda assim, a armada lusa chegou às meias-finais com duas representantes e na primeira bateria Teresa Bonvalot também teve a melhor nota da disputa frente à experiente australiana Sally Fitzgibbons, com 7 pontos na última onda. Ainda assim, foi insuficiente para a campeã nacional vencer a surfista que começou a temporada no circuito mundial e que procura a requalificação para a próxima temporada. A experiência de Sally, que está há vários anos na elite mundial, acabou por ser determinante, numa bateria em que somou 11,67 pontos, contra 10,73 da surfista portuguesa.
Restava somente Kika em prova e pela frente a complicada missão de enfrentar uma das surfistas do momento no mundo do surf. Zebrowski teve uma entrada forte na bateria e colocou-se em boa posição para garantir a vaga na final. Mas Veselko fez uma performance em crescendo e na última onda da bateria atirou a francesa às cordas com uma onda na casa da excelência, pontuada com 8,83 pontos. Com um total de 15,16 pontos contra 13,06, a jovem surfista de Carcavelos garantiu, assim, a primeira final da carreira neste circuito.
Depois de vingar a responsável pela eliminação de Yolanda Hopkins, Kika tinha pela frente a surfista que tirou Teresa Bonvalot de prova, além do peso das 16 temporadas consecutivas que a australiana leva na elite do surf mundial, tendo, inclusivamente, sido vice-campeã mundial em três ocasiões. Sally, de 34 anos, entrou por cima na bateria.
Contudo, sem olhar a estatutos, a surfista portuguesa embalou a meio da bateria e deixou a australiana sem reação. Com um surf muito agressivo, Veselko conseguiu um total de 14,60 pontos, contra somente de 12,20 de Fitzgibbons, vencendo uma final que opôs duas surfistas que, curiosamente, foram ambas campeãs mundiais juniores.
Depois do triunfo de Teresa Bonvalot em Sydney, em 2022, Kika Veselko conseguiu a segunda vitória portuguesa neste circuito, novamente na Austrália. Este que é um dos grandes feitos da carreira da jovem surfista portuguesa, que em 2023 conquistou o título mundial júnior da WSL.
"Estou sem palavras. Isto é o melhor dia da minha vida", começou por afirmar Kika, após a bateria, ela que saiu da água visivelmente emocionada, sendo depois carregada em ombros pela própria finalista vencida e também por Teresa Bonvalot. "Trabalhei muito para conseguir estar aqui, mas isto é uma maratona e o meu sonho é chegar ao World Tour. Foi incrível, sobretudo por ter estado na final com alguém como a Sally Fitzgibbons, que é um exemplo e uma lutadora", frisou.
Já a prova masculina, onde os portugueses Afonso Antunes e Frederico Morais não passaram da ronda 2, foi vencida pelo australiano e antigo top mundial Jacob Willcox, depois de superar na final o francês Kauli Vaast, campeão olímpico em título.
O circuito Challenger Series segue, agora, para a África do Sul. De 30 de junho a 6 de julho, Ballito recebe a segunda de sete etapas da temporada. Isto depois de a WSL ter anunciado o alargamento do circuito, que vai contar com mais duas etapas já em 2026. A penúltima será em Pipeline, no Havai, e a última novamente em Newcastle. Pelo meio, haverá ainda etapas em Huntington Beach, nos Estados Unidos, na Ericeira e também em Saquarema, no Brasil.
Em jogo estão 10 vagas masculinas e 7 femininas para o World Tour de 2026, onde irá haver alargamento do circuito feminino para 24 surfistas. Embora no lado masculino as coisas não tenham corrido da melhor forma à armada lusa em Newcastle, no lado feminino Portugal tem três surfistas a começar a temporada de forma muito positiva para atacarem uma inédita qualificação para o circuito mundial feminino.