A cantora Irma denunciou agressões pela polícia de que foi alvo o irmão, durante os festejos do título de campeão do Sporting, no último sábado. A artista publicou uma imagem, na rede social Instagram, na qual é possível ver o jovem com a boca cheia de sangue e um dente partido.

Na publicação feita pela cantora, há uma reprodução das mensagens trocadas com o irmão, um jovem de 25 anos, nas quais este relata que o corpo de intervenção se aproximou dele, no momento da passagem do autocarro do Sporting, que o agrediu com uma bastonada na boca, o pontapeou e lhe disparou uma bala de borracha contra o peito, ficando este com a boca, as mãos e a camisola “cheias de sangue”.

“O meu irmão foi festejar a vitória do Sporting e foi espancado pelo corpo de intervenção sem qualquer razão”, escreve Irma.

“O Marcelo, rapaz negro, de 25 anos, levou com o bastão de um polícia na boca, rebentaram-lhe o lábio, arrancaram-lhe um dente (por acaso acertaram na boca porque se tivessem acertado no olho estaria cego como o rapaz que estava ao lado dele ficou) e ainda lhe deram um tiro de borracha no peito”, relata.

"Não precisaremos de uma final de campeonato para isto acontecer todos os dias”

Irma sublinha que é “muito difícil de compreender” que a “segurança pública” seja alicerçada com “violência”. A cantora vai mais longe e sugere uma associação entre a violência policial e a ascensão da extrema-direita.

"Estamos a tentar encontrar luz onde não existe porque o mundo está mesmo virado do avesso mas temos que chamar as coisas pelos nomes. Existem pessoas boas e existem pessoas más; existem pessoas a tentar salvar o mundo e existem fachos”, afirma. “Estou com muito medo e acho que estamos a caminhar para que não precisemos de um final de campeonato para isto acontecer todos os dias.”

A atuação policial durante a celebração do título do campeão nacional de futebol está a gerar polémica. Apesar de a polícia ter elogiado a forma “tranquila” como decorreram os festejos, vários adeptos estão a denunciar agressões por parte de agentes policiais.

Umjovem de 28 anos ficou cego, depois de ter sido atingido no olho por uma bala de borracha da polícia. O processo foi remetido ao Ministério Público. Outro adepto teve também de ser submetido a uma cirurgia, após ter sido atingido na face por um disparo.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias dos acontecimentos.