
Luís Montenegro falou novamente ao País esta terça-feira, pouco mais de 24 horas depois desde o início do apagão que afetou toda a Península Ibérica, e garantiu que a situação já está controlada em Portugal, agradecendo a colaboração de todos os portugueses.
«O nosso país teve uma resposta altamente positiva e forte face a uma circunstância que foi grave, inédita e inesperada. Deixo uma palavra de agradecimento a todo o povo português. O país está ligado com normalidade, todos os clientes de eletricidade em Portugal estão a ser alimentados, o sistema está a funcionar com a produção nacional. Ou seja, temos neste momento o sistema a funcionar de forma autónoma. Temos capacidade para reiniciar o sistema de produção de energia e depois o seu transporte e distribuição a todos os clientes», começou por dizer o primeiro-ministro.
«O problema que foi causado não tem a ver com a falta de capacidade, de produção e distribuição em Portugal. Tem a ver com essa ligação. Do ponto de vista dos serviços que são essenciais, como são o abastecimento de água, ele está a funcionar praticamente em pleno em todo o país, embora haja um ou outro constrangimento pontual no abastecimento em baixa. Comboio e metro encontram-se em operação e a recuperar da situação. Assim como o transporte aéreo, o aeroporto Humberto Delgado é aquele que tem necessidade de recuperação mais intensa. O fornecimento de combustíveis está normalizado. No sistema educativo, dos 809 agrupamentos em Portugal, apenas 15 tiveram problemas com a abertura», disse, enumerando todos estes problemas que já foram praticamente todos resolvidos.
«Falhas do SIRESP e Proteção Civil? Nós temos registo de algumas anomalias no funcionamento do SIRESP, que não são novas. É um processo que nos preocupa e em que nos temos empenhado na reestruturação, faremos uma avaliação nesse ponto de vista. O sistema de proteção civil funcionou e muito bem. Foi acionada desde o primeiro minuto uma célula de crise, que foi determinante para coordenar em conjunto com o sistema de segurança interna, no terreno, para garantir que nas estruturas críticas, os geradores teriam o combustível necessário para poderem manter a sua atividade ininterrupta. Isto não quer dizer que não estivessem preocupados com a generalidade dos cidadãos», explicou, respondendo ao problema da comunicação.
«Optámos por aproveitar os órgãos de comunicação social que tinham uma capacidade de difusão mais operacional, as rádios, para promover aquelas que eram as mensagens principais naquele momento, e depois as televisões. Se as coisas podiam ter funcionado melhor? Pois, mas nós estamos sempre a tempo de melhorar os procedimentos», atirou, voltando a ser questionado sobre a rapidez da reação do Governo.
«Sim, foi rápida a resposta. A proteção civil nas primeiras horas esteve sobretudo concentrada nas áreas mais críticas, obviamente que se tem de preocupar com a generalidade dos cidadãos, mas era preciso garantir que as infraestruturas críticas eram garantidas. É uma questão de definir prioridades e isso preencheu as primeiras duas, três horas de atividade. Prazos? Não fixámos o prazo para o seu funcionamento e isso terá de ser remetido para a próxima legislatura», acrescentou.
«O Conselho de Ministros está ainda reunido e tomou já algumas decisões que queria partilhar. Em primeiro lugar solicitar a agência de cooperação dos reguladores de energia da UE, a realização de uma auditoria independente aos sistemas elétricos dos países afetados para o apuramento cabal das causas que estiveram na origem desta situação. Precisamos de respostas tão rápidas, quanto urgentes. Naquilo que depende de nós, não vamos poupar esforços, num problema sério e que não teve origem em Portugal», referiu, avançando para a segunda medida.
«Em segundo lugar, decidimos criar uma comissão técnica independente em Portugal que faça uma avaliação aos mecanismos de reação e gestão desta crise. Decidimos ainda não prolongar nem agravar a declaração de crise energética, vai acabar, portanto, pelas 23h59 minutos do dia de hoje. As medidas de limitação de abastecimento de combustível também já não estão em vigor neste momento», revelou.