
Rodrigo Mora ainda é um “menino”, mas já dá nas vistas como caloiro na Primeira Liga A Supertaça ganha (e bem ganha) pelo FC Porto ao Sporting, ainda na força do calor tórrido de agosto, fazia antever uma época de conquistas por parte dos dragões. Pura ilusão. O campeonato até nem começou mal para os azuis e brancos, mas a inconsistência do futebol praticado começou a dar sinais de preocupação. Era apenas uma questão de tempo até aparecerem os maus resultados, o que se veio a verificar, que culminou com a saída do treinador Vítor Bruno.
Samu foi dos únicos a mostrar serviço e lá ia disfarçando com golos as pobres exibições da formação azul e branca. Atualmente na quarta posição, o FC Porto luta com o Braga pelo último lugar do pódio, e só não está mais longe dos bracarenses, porque nas duas últimas jornadas houve um “menino” de 17 anos que resolveu partir a loiça toda.

Rodrigo Mora tem levado o Dragão às costas nos tempos mais recentes, e é ele o responsável pelo barco azul e branco não se estar a afundar cada vez mais. O que este puto tem feito com uma bola nos pés, e os golos que tem marcado com uma subtileza impressionante, faz antever que não deve ficar muito tempo na cidade invicta. Estreou-se pela equipa principal portista num encontro da Liga Europa, em setembro do ano passado, e pouco a pouco foi conquistando o seu espaço, e hoje é peça imprescindível de Martín Anselmi. Os golos foram aparecendo de forma natural e já é o terceiro melhor marcador do plantel com oito remates certeiros.
Tem aquele ar de menino inocente, mas quando a bola lhe chega aos pés, qual diabo à solta, encara sem medo qualquer adversário que lhe apareça pela frente. Estamos a falar de um jogador criativo que usa bem os dois pés e que revela muita frieza na hora de atirar à baliza. A sua última exibição na partida com o Famalicão é o perfeito exemplo de que estamos na presença de um génio em fase de crescimento. Mas não é só pelos golos e pela sua fantasia que o extremo esquerdo tem dado nas vistas. A forma como trabalha para a equipa e participa nas acções defensivas, mostra que tem já uma maturidade acima da média, tendo em conta a sua tenra idade.
A questão agora é saber como é que a direção liderada por André Villas-Boas vai gerir todo o talento deste jovem prodígio. A não ser que apareça uma daquelas propostas loucas a que o futebol já nos habituou, manter Rodrigo Mora no plantel para as próximas temporadas será a decisão mais acertada. Por várias razões. Uma delas é fazer crescer ainda mais um jogador com um potencial enorme, e prepará-lo para o futuro. Casos de sucesso como Cristiano Ronaldo não acontecem todos os dias, e na última década somam-se os casos de jogadores que saíram demasiado cedo dos seus clubes de formação, e que depois se perderam.
Há depois a vertente desportiva. Ter na equipa um jogador que faz a diferença, e que já mostrou ser decisivo, pode não ser sinónimo de sucesso colectivo. Só com um plantel renovado e com qualidade, que este não tem, o FC Porto pode voltar às conquistas. E acredito que numa equipa competitiva, o internacional português pelos Sub-21 pode brilhar ainda mais. Rodrigo Mora está a poucos dias de atingir a maioridade, e como é óbvio ainda tem muito para aprender. O deslumbramento nestas idades é normal, e há que ter cabeça para saber descer à terra quando for preciso. Só o tempo vai dizer se estamos na presença de um craque que vai vingar noutras paragens. Porque por cá, a história está a começar a ficar bonita.