Além de ter revelado que vai doar o espólio desportivo herdado ao FC Porto, Alexandre Pinto da Costa abordou os últimos anos de presidência do pai no clube desportivo, considerando que este «esteve mal acompanhado».

«Nunca foi o dinheiro ou os bens materiais que me moveram no apoio que dei ao meu pai nos momentos em que ele mais precisou de mim enquanto filho. Não foi o dinheiro ou os bens materiais que me moveram nos desacordos que tive com o presidente do FC Porto por ele estar tão mal acompanhado nos últimos anos da sua presidência. Quando alertei frontal e diretamente os perigos que corria pelas escolhas erradas, eu posteriormente, de livre vontade, afastei-me do presidente, não do meu pai, pois desse estive sempre presente quando ele de mim necessitava. Afastei-me de toda e qualquer atividade do clube, desportiva e socialmente, anos a fio. Foi com a intenção de evitar o que infelizmente o tempo me veio a dar razão, para que não saísse do modo que saiu da instituição pela qual tudo deu e que tanto amava, mas que tal como eu previ viria infelizmente a acontecer», referiu, na gala do jornal O Gaiense, após a homenagem feita ao pai.

«A ovação estrondosa que recebeu no Dragão no dia após a derrota nas eleições bem como as cerimónias fúnebres de uma dimensão ímpar comprovam o amor, reconhecimento e gratidão perante quem tanto fez pelo FC Porto. Mas infelizmente não teve a aprovação da maioria que viu nos pares que o acompanhavam características que não me atrevo a adjetivar. Quem ama de verdade alerta para o precipício. Quem ama de verdade não salta de mãos dadas com a sua paixão para o precipício. Foi isso que eu fiz. O meu pai sempre foi reconhecido como o presidente dos presidentes. Porque o era, de facto. A sua memória, raciocínio brilhante, astúcia, capacidade de trabalho e amor ao futebol em geral e ao FC Porto em particular, serão lembrados para todo o sempre. Perdoem-me os outros presidentes com os quais eu trabalhei, fruto da minha atividade profissional, mas nunca, em tempo algum, eu conheci um presidente com as suas capacidades. Foi o maior de sempre e jamais haverá outro como Pinto da Costa. O presidente dos presidentes. Gostaria de terminar com um agradecimento a todos os presentes e aos que aqui não estão, mas que sei que estão com ele. Recebo esta merecida homenagem que é feita ao meu falecido pai com muito orgulho. Parafraseando o meu saudoso pai, e desculpem a minha emoção, mas um pai é um pai, despeço-me com esta frase, tantas vezes por ele dita, em forma de presságio: largos dias têm cem anos», concluiu.