Fernando Madureira voltou a ser figura central num depoimento prestado no âmbito do julgamento da Operação Pretoriano, esta terça-feira. O antigo líder dos Super Dragões foi visado no testemunho de José Miguel, sócio do FC Porto há 25 anos, que, em tribunal, denunciou o clima de intimidação criado no Dragão Arena durante a assembleia geral de 13 de novembro de 2023.

"Fui com amigos, sabia que pontos iriam ser discutidos. Foi a primeira vez que fui a uma Assembleia Geral, por causa dos assuntos que iriam ser tratados. Não entrei no auditório, fui diretamente para o Dragão Arena. Quando entrei, fui diretamente à casa de banho e, quando me estava a dirigir para a bancada sul, os meus amigos disseram-me para ir para a bancada norte, porque tinham sido insultados de 'filhos da p...'. Alguns dos meus amigos eram amigos do atual presidente. Algumas pessoas começaram a dizer que não fazia sentido a AG começar, porque estava muita gente do lado de fora. Por causa disso, outras pessoas começaram a mandar calar. Na altura não identifiquei ninguém, porque não conheci ninguém. Mais à frente, na Assembleia Geral, vi o senhor Fernando Madureira a mandar calar as pessoas, a gesticular, com alguns insultos", referiu a testemunha, perante uma questão da juíza.

De acordo com José Miguel, houve várias agressões, insultos e coação aos apoiantes de André Villas-Boas. "'Vocês, amigos do Villas-Boas, são uns filhos da p., estão a dividir o clube', disse Fernando Madureira, na nossa direção, depois de não termos batido palmas ao discurso de Pinto da Costa. Depois, passados uns segundos, começou uma pancadaria com uma família e tivemos de fugir. Depois vi a confusão com o senhor Henrique [Ramos], vi-o a ser agredido. Vi o senhor [Vítor] Catão a insultar e a mandar calar o senhor Henrique [Ramos]. Também vi o senhor Fernando Madureira a mandar calar o senhor Henrique", acrescentou José Miguel, confidenciando também ter visto Sandra Madureira a impedir pessoas de filmar.

Segundo o associado, havia uma divisão entre apoiantes de Pinto da Costa e André Villas-Boas, a quem eram aplicados tratamentos diferenciados. "Quem estava do lado de Pinto da Costa podia dizer o que quisesse, mas quem estava do lado de Villas-Boas não podia dizer quase nada, era logo alvo de insultos. Claro que se sentia algum medo e intimidação", afirma José Miguel. "Quem criava este clima de medo?", pergunta a procuradora. "Era o senhor Fernando Madureira. Ele andava sempre de um lado para o outro com um grupo de elementos e eram depois esses elementos que causavam a desordem. Existiam insultos para as pessoas, intimidavam", apontou.