Com o olhar atento sobre os talentos que despontam no futebol português, Toñito comenta o impacto de Samu na presente época, o salto de Nico González para o Manchester City e as dificuldades de afirmação de Iván Jaime no FC Porto. Em conversa com A BOLA, o ex-.jogador de Sporting, Sant Clara, Boavista, UD Leiria e Vitória de Setúbal analisa o momento de cada jogador e sublinha o nível de exigência necessário.

- Samu apareceu esta época e logo com grande rendimento...

- Começou num nível muito alto, mas, nos últimos tempos, o rendimento caiu, algo normal ao longo de uma época. Para um avançado, a exigência principal são os golos. Independentemente de jogar bem ou mal, o que conta é marcar. Ele começou forte, marcou em jornadas consecutivas e criou expectativas elevadas. É um avançado batalhador, que trabalha muito na frente. Mas quando passam algumas jornadas sem marcar, as críticas aparecem. Ele já mostrou que tem capacidade para fazer golos e tenho a certeza de que voltará a encontrar esse ritmo goleador.

- Nico González saiu do FC Porto em janeiro e está agora no Manchester City. Como tem visto o rendimento dele?

- Desde os tempos no Barcelona e antes de passar pelo Valência via-se que tinha grande potencial. Era um jogador com um perfil que o Barça não tinha há muito tempo: alguém mais trabalhador, que facilitava o jogo para os atacantes e fazia o chamado ‘trabalho sujo’, algo difícil de encontrar em equipas grandes. No Valência, fez um bom trabalho. No FC Porto, a adaptação não foi tão fácil ou rápida como ele e o clube esperavam, mas conseguiu atingir um nível alto, beneficiando a equipa. O Guardiola já o conhecia do Barcelona e sabe que ele pode oferecer soluções numa posição onde é muito difícil encontrar jogadores com esse perfil.

- Iván Jaime prometia muito quando chegou ao FC Porto, mas ainda não conseguiu afirmar. Que lhe tem faltado?

- Quando chegas ao FC Porto, tudo triplica: as exigências, o trabalho e a mentalidade. Alguns jogadores não conseguem corresponder a todas essas exigências e ficam presos a um bloqueio que os impede de evoluir. Acho que esse tem sido um dos grandes problemas dele. Qualidade não lhe falta, mas, num clube grande, não basta mostrar talento num jogo, é preciso provar todos os dias, porque o nível de exigência é máximo. Nem todos os jogadores estão preparados para isso.

- Trajetória parecida tem Fran Navarro. Brilhou no Olympiakos e no SC Braga, sempre a marcar golos, mas nunca se afirmou no FC Porto…

- Quando o teu objetivo é fazer golos, a mentalidade tem de ser completamente diferente. Vemos isso, por exemplo, com Lewandowski no Barcelona. No ano passado, passou uma fase difícil com Xavi: trabalhava bem, mas os golos não apareciam como todos esperavam. Agora, com Flick – que já o conhece e sabe como tratá-lo –, voltou a estar num bom momento.