No passado fim de semana, um jogador de juniores dos distritais de futsal da AF Lisboa (sub-19) empurrou ostensivamente o árbitro da partida, na sequência de entrada grosseira sobre o guarda-redes adversário que determinou a sua expulsão.

O agredido perdeu momentaneamente a consciência após bater violentamente com a cabeça na superfície de jogo, tendo ficado imobilizado cerca de meia hora (a aguardar a chegada de uma ambulância).

Após sete horas em observação no Hospital de São José, foram-lhe diagnosticadas "lesões na cabeça, traumatismo craniano, entorse do pulso direito e fratura de uma costela".

Esta época, o atleta em questão fez apenas dez dos dezoito jogos da sua equipa. O motivo? Foi expulso em quatro ocasiões, cumprindo um total de oito jogos de suspensão!

Não, não foi um momento irrefletido nem um descontrolo pontual. Há ali um padrão de agressividade que se repete com frequência.

Desta vez havia policiamento, que agiu de forma elogiável: devido ao flagrante delito, o agressor foi detido no local e os agentes destacados mantiveram-se por lá até que tudo ficasse sanado.

Esta história só e diferente de outras porque aconteceu no passado fim de semana e teve a consequência que teve. Desta vez, foi o desmaio, a costela partida, o traumatismo na cabeça, a entorse no pulso e tal. Às vezes é o afundamento do maxilar, o golpe na cara, o olho negro, o nariz a sangrar ou alguns dentes partidos. Depende do autor, da intensidade, do conseguir esquivar, disto e daquilo.

O único ponto em comum nestas barbaridades é o dano emocional e psicológico que causam em quem é agredido. Nos árbitros mais novos há inclusivamente casos que, com o tempo, escalaram para padrões de ansiedade, com ataques de pânico e quadros depressivos. O resultado? Abandono precoce da carreira e, não raras vezes, necessidade de acompanhamento psicológico/psiquiátrico por longos períodos.

Isto é verdade. É mesmo verdade!

Embora a gravidade da violência exercida varie de caso para caso (convém recordar que jogadores, treinadores e adeptos também são agredidos em recintos desportivos), a verdade é que as estruturas responsáveis por estas atividades continuam a não enfrentar este problema de forma prioritária.

Uma agressão, uma só, já é grave, já é péssima, já é uma a mais!

Também é hora de pressionar o poder político no sentido de continuar a procurar soluções eficazes para erradicar este fenómeno. Muito já foi feito, é certo, mas há muito para fazer ainda.

No dia a dia, há muitas pessoas de bem a trabalhar arduamente para tentar educar outras a estarem no desporto de forma positiva, respeitosa e educada. Fazem-no recorrentemente, em todo o território nacional, via ações de sensibilização, palestras em clubes e/ou escolas, colóquios com pais, técnicos e dirigentes. Apesar de fundamental na mensagem que passam, será sempre um trabalho inglório se não tiver respaldado por quem de direito.

A questão até é simples de ver, se não for burocratizada ou desvalorizada:

- Tudo o que faça perigar a saúde física e emocional dos agentes desportivos tem que ser tratado de forma prioritária.

Sinceramente, estamos à espera de quê? Que aconteça o impensável?