Frederico Varandas falou esta segunda-feira pela primeira vez após o Sporting conquistar o bicampeonato. Perante uma Praça do Município, sede da Câmara Municipal de Lisboa, pintada de verde e branco, presidente dos leões não escondeu a felicidade por um momento importante na história do clube, inédito durante mais de 70 anos. Elogiou o Benfica, recordou Ruben Amorim, João Pereira e Hugo Viana, mas centrou o seu discurso... em quem está, com uma impressionante vénia a Rui Borges. "Desde 2018 que somos o número um!". Leia na íntegra o discurso do líder do emblema de Alvalade.

Obrigado aos adeptos e por uma "minoria" pagaram "centenas de milhares"

"A primeira palavra vai para os adeptos do Sporting: obrigado por terem lutado connosco lado a lado. Nos estádio, na estrada, nas ruas; não só lado a lado, mas muitas vezes a carregar a equipa às costas nos momentos mais difíceis. Obrigado pela dedicação, entrega e por terem acreditado até ao fim."

"Sobre a festa... Meu Deus, que festa. Eu percebo que só vos chegue parte da informação, mas quero agradecer ao presidente Carlos Moedas a tentar encontrar razões técnicas e políticas para o condicionamento da festa. Sou militar e respeito todas as forças de segurança, mas não tratem os adeptos de futebol como criminosos. Não prejudiquem algo que faz parte da nossa cultura. Não prejudiquem centenas de milhares de adeptos por uma minoria que não se sabe comportar. E que lição deram centenas de milhares de pessoas, bicampeões a sabem festejar. Muito obrigado."

Benfica: um digno vencido - e tudo começou com Ruben Amorim

"As minhas segundas palavras vão para o nosso grande rival. Que luta que foi! Foram um digno vencido e valorizaram muito a nossa conquista. Não venceram mas não deixaram de fazer um grande campeonato. Honra ao nosso grande rival."

"Terceira palavra para o nosso Sporting: Quero dirigir-me a quem não está aqui hoje. Ruben Amorim, João Pereira e Viana também são campeões. Também contribuíram. Mas o grande destaque tem de ser para os que aqui estão. E quem é que está aqui? O bicampeão, meus senhores. Algo que não acontecia há 71 anos. Não tínhamos o melhor orçamento, não fizemos o maior investimento, mas fomos quem fez mais ponto, o melhor ataque, defesa, quem liderou em 30 jornadas, quem teve o melhor marcador, o melhor da Liga. Há dúvidas?! Mas há muito mais para contar... E que ano que isto foi!".

"São heróis pelas inesperadas saídas, pela onda de lesões, com 11 ao mesmo tempo, sem um médio disponível; lesões graves e longas em jogadores chave do nosso plantel. Quando muitos começaram a tremer, este grupo nunca duvidou. Agarramo-nos um ao outro. Não podia um, jogava aquele, o outro, mas lutámos com tudo o que tivemos, até ao fim. Passámos por muito, merecíamos muito e eles pensam como eu: de todos os títulos, este foi o mais saboroso."

De Mirandela... a Cascais: o que importa é ter Rui Borges por perto

"Já ouvi muitas vezes dizer que é de Mirandela, mas míster deixe-me dizer-lhe: é-me indiferente se é de Mirandela, da Praça de Londres ou de Cascais. O que me interessa é sua capacidade de liderança e de competência. Também já o ouvi dizer que nunca estudou... Nunca estudou, mas é licenciado e doutorado em caráter, nobreza e valores. E mais... Pode dar muitas lições e explicações a pessoas que nunca conquistaram nada na vida, mas que se acham alguém por falarem numa televisão. Tenho de lhe tirar o chapéu pela capacidade como se adaptou fora da sua ideia de jogo. Adaptou-se e venceu."

"Para terminar, só um apontamento: foi campeão, fez 19 jornadas, foi à Luz, Dragão, jogar em Braga [n.d.r.: foi Ruben Amorim que lá jogou] sem nunca ter o onze de gala disponível. Muito obrigado!".

"Por fim, agradecer à estrutura, que se tornou indispensável: deu suporte a três treinadores, nunca tremeu... Com cultura vencedora e sem desculpas. Hoje é esta a nossa cultura. Muito obrigado a todos."

Dos gurus da comunicação ao futuro que espera com o 'tri'

"Durante o ano, também fomos vendo e lendo muitos gurus, experts de comunicação... Percebem muito pouco de liderança e ainda menos de como tornar um clube vencedor. Presidente, não foi consigo [foi com Medina, mas em maio de 2019 estivemos aqui pela primeira vez... Discursei e disse que mais importantes que os títulos - duas taças, com Marcel Keizer, coisa pouca - era o caminho que estávamos a percorrer. Desde que entrámos, conquistámos três campeonatos e os nossos rivais dois cada um. Nos últimos cinco anos, três. Desde 2018 somos o número 1 em Portugal. E isso ainda parece mais surreal se nos lembrarmos que não vencíamos há 17 anos e estávamos no pior momento da da nossa história. Temos amor, ambição, espírito coragem, cabeça e muita racionalidade. Somos hoje um clube digno, íntegro, jovem, pujante e bicampeão."

"Hoje vejo aqui à minha frente muitos jovens, muitas crianças. Tomámos conta deste clube foi para que não passassem aquilo que a minha geração passou, festejar em 18 e depois em 19 anos. Tenho dois filhos em casa. Um com cinco que viu o Sporting três vezes. A minha filha faz hoje dois e só viu o Sporting campeão."

"E para terminar, para todos vocês, respeitamos muito os nosso rivais, mas queremos muito, muito - mas mesmo muito - o tricampeonato!".