Há oito jogos sem perder, o Arouca recebe o FC Porto no sábado (18 horas), numa altura em que os dragões tentam dar a volta a um momento difícil. Na antevisão à partida, Vasco Seabra voltou a falar da competitividade do seu plantel e na vontade de "sair por cima no jogo do gato e do rato".

O anúncio da renovação de contrato na véspera de um jogo tão importante tem um grande significado?

"Tem o significado daquilo que já vem acontecendo de há algumas semanas para cá. Até diria praticamente desde a nossa entrada. O sinal de confiança que íamos sentindo das pessoas que nos lideram, da estrutura, da ligação que temos criado com os jogadores e também da forma como nos sentimos valorizados e confiantes para que as coisas possam correr bem. Portanto, é um motivo de orgulho, de sinal dessa confiança, dessa empatia que criamos uns com os outros. Sentimo-nos felizes, com uma vontade muito grande e uma ambição também muito grande de continuarmos a fazer bem e, obviamente, se possível fazermos melhor."

Muita gente fala na necessidade do treinador azul e branco mudar o esquema tático. Acha que o FC Porto virá num sistema diferente ou espera o 3x4x3?

"Mesmo dentro dessas dinâmicas do FC Porto, é uma equipa que varia muito em termos de construção. Seja com os centrais a progredirem, seja com o médio, na primeira fase, a crescer e a circular com o guarda-redes, ou seja, é um FC Porto que varia muito na forma de construir. Também varia muito os jogadores e isso varia, naturalmente, os posicionamentos que ocupam. Estamos preparados para enfrentar o que vier. Sabemos que vamos ter uma equipa ferida que quer, obviamente, responder àquilo que também tem sido o momento menos favorável. Vamos ter de lidar com um adversário cheio de qualidade individual, com um treinador que também chega com muita vontade de mostrar aquilo que consegue fazer e nós, mais do que outra coisa qualquer, olhamos muito para nós. O nosso foco é a nossa equipa e aquilo que conseguimos fazer e para a forma como temos de, nas forças do FC Porto, estar no nosso melhor e, naquilo que são as fragilidades, procurarmos aproveitar e valorizando aquilo que é nosso. É sempre muito o olhar para nós, com o objetivo de no jogo do gato e do rato sairmos por cima."

Ainda que a generalidade aponte mais defeitos, tanto a nível tático como coletivo, a este FC Porto, que desafios é que espera dos azuis e brancos e como responder?

"Primeiro, acho que o principal desafio vai ser emocional, porque vai ser uma equipa que vem com uma vontade muito grande de entrar muito forte no jogo. Vão querer mostrar-se logo e dar uma resposta. Por isso, acho que esse é o principal desafio, uma equipa cheia de qualidade e que vai entrar com um entusiasmo muito grande de querer dar essa resposta. Estamos preparados para isso e sabemos que vamos ter de lidar com um adversário que vem com essa força. E, independentemente daquilo que é a opinião dos grandes estarem assim ou assado, ou que está mais nivelado por cima ou por baixo, acho sempre que é muito interessante quando analisamos as coisas pelo lado de 'eles estão piores'. Há sempre a vontade de fugir à parte do 'os menos grandes também trabalham muito e também complicam muito a vida aos outros'. Acho que temos de, realmente, valorizar aquilo que tem sido o trabalho das equipas médias, que procuram retirar mais pontos aos grandes. É óbvio que temos de saber que eles têm muita qualidade, eles vão fazer um jogo que nos vai levar para um grau de dificuldade altíssimo e, portanto, nessa força deles está a nossa maior virtude que é a capacidade de competirmos, a capacidade de estarmos unidos e olharmos para o jogo como uma competição muito grande."

Na temporada passada o Arouca derrotou o FC Porto e o treinador também conseguiu um registo amplamente favorável frente aos dragões. Por mais mudanças que tenham acontecido, este registo traz mais confiança para o jogo?

"Traz sempre. É sempre bom ganhar. No ano passado, as três vezes que vencemos [ao serviço do Estoril] foram muito saborosas. Agora estamos no Arouca e é um clube diferente. Os jogadores do ano passado também mudaram, tanto de um lado como do outro. Obviamente que esses registos dão-nos um conforto de saber que é possível e, por isso, temos de olhar para o jogo com essa capacidade de que é possível. Mas, para isso, temos de estar a 100%. Temos de estar no nosso limite máximo. Temos de ter os nossos níveis de concentração altíssimos e uma confiança muito grande naquilo que tem sido esta sequência que temos vindo a fazer. Estamos há oito jogos a pontuar. É um registo que é importante para nós e que também demonstra o nosso momento e aquilo que somos capazes de fazer."

Em casa, o Arouca apenas venceu o FC Porto uma vez, precisamente na época anterior. Amanhã é uma boa oportunidade, estando o adversário fragilizado, para o Arouca conquistar pela segunda vez os três pontos?

"Sim. Olhamos para cada jogo que temos como uma oportunidade. É uma expectativa sempre muito grande de podermos competir e jogar pelos três pontos e amanhã não foge à regra. Podemos jogar contra a melhor equipa do planeta que, à partida, não vou assinar por baixo um 0-0, um 1-1 ou um 3-3. Confio muito nos jogadores, confio também muito naquilo que é o nosso trabalho, acredito sempre que podemos competir e conseguir valorizar aquilo que é nosso e o que somos capazes de fazer. Por isso, acredito muito que é sempre uma oportunidade que temos para nos desafiarmos, para olhar para a baliza do FC Porto com vontade e a atacarmos. E defender a nossa como a nossa casa, junto com os adeptos na nossa força e união coletiva. Olhamos para isso como uma oportunidade para conseguirmos os três pontos."

Voltando aos desafios que este jogo pode colocar e à sequência de jogos sempre a pontuar. Que desafios é que tem esta equipa nesta fase do campeonato? É importante que esta sequência não cause nenhum deslumbramento?

"Não, sem dúvida. Olhamos para o registo como algo que queremos sempre melhorar. Não somos muito de olhar para a frente e também não gostamos de ficar a olhar para trás. Gostamos de viver o dia-a-dia, aquilo que é o nosso processo diário. Quando olhamos muito para a frente tropeçamos e quando olhamos muito para trás não vemos o que aí vem. Por isso, vivemos muito naquilo que é o dia-a-dia, os jogadores sabem que não temos margem para deslumbramentos de absolutamente nada. Quem vive cá, quem vive dentro desta casa, sabe uma coisa. Todos os dias é uma oportunidade de lutar e competir. Se começo a abrandar um bocadinho e a dar o pisca da direita, vem outro e ultrapassa. Não há margem para isso, temos de ir sempre na faixa máxima. Quem abranda um bocadinho normalmente está fora e por isso é que também tenho orgulho no plantel. Sentimos que temos essa competitividade para o fazer."

O Dylan Nandín estreou-se a marcar e faz anos hoje. Vai dar-lhe uma prenda amanhã?

"Eu gosto muito de lhes dar prendas que são os calduços quando eles passam ali no túnel. Mas dificilmente dou prendas, eles têm mesmo de conquistar. E sabem disso. Nunca há a oportunidade vinda do nada. As oportunidades que vêm vão ser sempre conquistadas por eles. Sabem que eu sou muito exigente com eles, defendo-os com tudo o que tenho, mas sabem também que, para eu os defender, têm de dar tudo o que têm no treino e competir para poderem ser chamados quando eu assim entender. O Dylan [Nandín], tal como os outros, tem entrado muito bem, quem tem vindo do banco tem ajudado quase sempre. Por isso, todos os que estão lá dentro têm cumprido quase sempre. Quando não cumprem tão bem, surgem oportunidades para outros. E este é um desafio, um ciclo diário. Estamos felizes com o grupo, o Dylan [Nandín] felizmente tem cumprido esse desafio e amanhã o Martín Anselmi vai ter de esperar para ver o onze quando sair."