O Arouca pode conquistar matematicamente a permanência no primeiro escalão do futebol português, nesta 31ª jornada da Liga Portugal Betclic, onde vai jogar ao terreno do Santa Clara, no próximo sábado. No final do último jogo, o triunfo por 1-0 sobre o E. Amadora, os jogadores dos lobos fizeram uma enorme festa no relvado e Vasco Seabra explicou, depois, que isso deveu-se ao regresso das vitórias em casa.

O treinador do Arouca vincou essa ideia, esta quinta-feira, na conferência de imprensa de lançamento da deslocação aos Açores, quando lhe foi perguntado se teve que puxar um travão à euforia dos jogadores, uma vez que a permanência está muito bem encaminhada, mas ainda não foi matematicamente consumada.

"Não, pelo contrário. Eu sou muito efusivo com eles também, gosto muito de viver e gosto muito que os nossos jogadores vivam. Não lhes retiro nada daquilo que são emoções. Sinto que, quando nós não fazemos bem as coisas, temos que sofrer, temos que saber lamber as feridas. E quando fazemos muito bem as coisas temos que saber agarrar e festejar. Gosto muito que eles vivam e gosto muito que eles festejem, gosto muito de sentir a energia deles, de chegar ao balneário e saltar junto com eles", começou por dizer o treinador.

E prosseguiu sobre o mesmo tema, recuando ao jogo da 29.ª jornada, isto é, ao empate com o Benfica a duas bolas, no Estádio da Luz: "Eles sabem é que a seguir, 24 horas depois, nós estamos aqui e eu sou muito chato com eles, sou muito próximo deles, mas sou muito exigente com eles. Eles sabem disso, não há margem, quem pisa o risco está fora, eles sabem disso. Sou capaz de os abraçar aqui, mas se pisa o risco lá dentro está fora, não tem chances. Portanto, este é o nosso caminho diário e eu gosto de viver com estas emoções, porque são elas também que nos levam para o jogo. Nós acabámos o jogo da Luz e eles festejaram dentro do balneário. Eu não estava lá, mas quando cheguei obriguei-os a festejar outra vez. E a seguir eles responderam da forma como todos vimos [vitória, por 1-0, sobre o Estrela da Amadora."

Antes deste tema, Vasco Seabra já tinha lançado o jogo com o Santa Clara. Elogiando o adversário insular, o treinador do Arouca recusa-se a tirar os olhos da conquista dos três pontos e garante alterações na sua equipa. Nem podia ser diferente, afinal de contas tem quatro jogadores lesionados (Matías Rocha, Galovic, Esgaio e David Simão) e dois castigados (Jason e Pedro Santos).

Permanência para consumar nos Açores? "Sim, estávamos muito confiantes, desde a nossa chegada cá, que iríamos consegui-la, acreditamos muito que vamos consegui-la. Mais do que a permanência, tem a ver com aquilo que nós queremos e ambicionamos enquanto clube, enquanto grupo, ou seja, queremos valorizar aquilo que temos vindo a fazer, muito mais do que olharmos para a permanência, olharmos para aquilo que tem sido o nosso processo de jogo e a forma como nós queremos que isso também seja valorizado em termos de pontos, e para isso temos que fazer mais pontos, para isso temos que fazer melhores lugares, porque os jogadores merecem, o clube e a estrutura merecem, e obviamente também os nossos adeptos merecem. Por isso temos que continuar numa luta muito grande, sabendo que vamos ter um adversário extraordinariamente difícil, que está a fazer um campeonato incrível, um trabalho praticamente de dois anos muito bom do Vasco e da sua equipa técnica, sabendo que é uma equipa muito consolidada também, uma equipa muito agressiva, muito difícil no seu próprio campo também de jogar, e portanto sabemos que vamos ter que estar mais uma vez, e como tem sido o nosso apanágio, no nosso melhor. Confiamos muito na nossa equipa, nos nossos jogadores, vamos com uma ambição muito grande de conquistarmos três pontos."

Análise ao Santa Clara? "É uma equipa que efetivamente durante o campeonato foi mexendo um bocadinho com as características dos jogadores e isso mexendo naturalmente com algumas dinâmicas em termos de jogo, seja a construção iniciando a 3+2, com os dois médios mais por dentro, sendo que um dos médios pode sempre crescer, ficando a 3+1, seja a largura dada pelo MT ou pelo central da esquerda, ficando praticamente com uma construção a 4 muitas das vezes, passando quase de um 3x4x3 para um 4x3x3. Sabemos é que as dinâmicas alteram-se, mas aquilo que é o padrão de equipa mantém-se muito presente. É uma equipa que é muito rotinada, tem muito trabalho também dos treinadores, tem já uma rotina muito grande em termos de jogo e de treino. E sabemos é que é uma equipa que é muito agressiva, é uma equipa que em tudo que é primeira bola, segunda bola, é uma equipa que está sempre ligada à ficha, ganha muitos momentos de transição, é uma equipa que mesmo quando apela ao jogo de profundidade, porque tem jogadores para isso, é uma equipa que mesmo perdendo a primeira bola está sempre muito compacta porque desloca-se muito rápido tanto para a frente como para trás em bloco e portanto sabemos que é uma equipa que é muito completa no seu todo, acho que nós também somos uma equipa muito completa no nosso todo, naquilo que nós fazemos nos diferentes momentos do jogo. Acredito que vai ser um jogo muito competente de ambas as equipas, muito difícil para ambas também e onde todos os pormenores vão fazer a diferença, nós temos que nos agarrar a tudo aquilo que são os pormenores para sermos nós os vencedores no fim."

Brian Mansilla é um miúdo cheio de carácter, não tem medo de nada, por isso é que também gostamos tanto dele
Vasco Seabra

treinador


Brian Mansilla a titular depois de penálti falhado? "Reagiu muito bem, o Brian é um miúdo cheio de carácter, é um miúdo que não tem medo de nada, por isso é que também gostamos tanto dele, porque é um jogador que tem um carácter muito grande. É um jogador de risco, nós sabemos que é um jogador de risco porque é um criativo também e os jogadores criativos nós temos sempre que perceber que em determinados momentos eles vão falhar. E nós ficamos muito frustrados por dentro, mas ele tem a coragem de falhar e voltar a tentar, falhar e voltar a tentar... E por isso é que ele é tão importante para a nossa forma de jogar e para aquilo que nós dimensionamos para ele enquanto jogador. Por isso é um jogador que tem muito carácter, muita coragem, um jogador que está preparado para ser lançado em qualquer momento do jogo. Não vou abrir já obviamente a margem, porque temos o Brian, temos o Puche, que também está a treinar muito bem, também já fez dois jogos a titular e também teve sempre bom desempenho, sabemos que temos competitividade interna no banco. O Jason levou o quinto amarelo, o Pedro Santos também, temos dois jogadores que não podem ir. O ser equipa também é isto, o ser equipa é muito mais do que os que jogam em titulares, é a forma como nós encaramos todos os dias. Os que entram, seja um minuto, seja 30, seja 10, os que ficam na bancada e sabem que ficam frustrados mas na semana a seguir lutam muito para voltarem a ser uma dor de cabeça para o treinador. Nós temos tido a felicidade e a oportunidade de trabalhar com jogadores de muito carácter que nos têm dado muitos pontos vindos do banco, porque eles sabem que a gente confia neles de forma absoluta, concreta e por isso é que têm tantos minutos quase todos os nossos jogadores."

Momento ofensivo será decisivo para o sucesso nos Açores? "Sim, é sempre difícil jogar contra uma equipa que em muitos dos momentos fica em 5x4x1, porque é um aglomerado de jogadores muito grande, quando o Santa Clara não conseguir pressionar à frente naturalmente vai recolher porque é uma equipa compacta e que não tem problemas de tanto saltar alto, como ficar em bloco intermédio ou mais baixo. Portanto, como é uma equipa que sabe defender nos diferentes momentos é naturalmente uma equipa difícil de bater. A linha de 5 é uma linha que se desfaz com capacidade para o fazer, porque às vezes bate com o lateral mais à frente, com o ala mais à frente, mas a equipa mantém-se estável nesse momento. Por isso nós sabemos que temos que ter muita mobilidade, temos que ter capacidade para enfrentar o jogo e temos coragem para o fazer, sabendo que vamos ter que trabalhar muito e correr muito para conseguirmos retirar as referências àquilo que é a pressão do Santa Clara, porque é sempre o jogo do gato e do rato. E temos que ter presente que é uma equipa que sofre muito pouco, mesmo em termos de conceder oportunidades de golo é uma equipa que concede pouco, por isso nós temos que ser muito proativos, não ficarmos à espera do que o jogo nos pode vir a dar para conseguirmos fazer nós os golos, temos que ir nós à procura deles e para isso temos que envolver muita gente, estar muito preparados para o momento da perda da bola, porque se queremos meter mais gente na área temos que estar muito preparados para o momento em que a podemos perder para não sermos surpreendidos em transição, que é um momento muito forte do Santa Clara. Por isso é uma equipa que é difícil, mas que nós sentimos que temos a capacidade de podermos ser competitivos e lutarmos pelos três pontos e sairmos do jogo vencedores."

Mudanças no onze à vista? "Sim, podemos. Nós estamos muito abertos a isso, até porque eles respondem-nos muito bem. Eu tive a oportunidade de dizê-lo na última conferência, o Popovic fez um jogo incrível na Luz, acabou por não jogar este jogo, por isso é um titular, não tem jogado muitos jogos, mas para nós é um titular pela forma como nós confiamos naquilo que ele é capaz de fazer. O Weverson teve um momento de quebra física que não pôde estar para o jogo e o Dante entrou e esteve muito bem. Estão os dois na luta, é uma luta muito saudável também entre eles. O Dylan com o Henrique e o Yalcin tem sido sempre uma luta muito agradável para o treinador ter os três pontas de lança a lutarem constantemente por vagas, por jogarem início, por entrarem, por serem muito disponíveis. E temos também o regresso do Pablo, tem andado naquele crescimento de confiança e de perder medos, está cada vez melhor, tem andado muito bem esta semana, é um jogador muito importante para nós, é um jogador que tem muito talento também, sentimos que é um jogador que estava num momento fantástico quando teve a infelicidade da lesão, por isso é mais um jogador que também nos acrescenta qualidade às decisões. Por isso sentimos que podem haver naturalmente mexidas, independentemente delas serem no 11 ou nas entradas que vamos ter a seguir, porque a forma como nós lidamos com eles, e que eles já perceberam que a gente lida com eles, é que todos são realmente importantes e o propósito da equipa que está sempre acima do propósito individual é algo que nós sentimos que os nossos jogadores representam na sua essência. Eles não se importam de ter de correr muito, de ter de trabalhar muito, de se sacrificarem de forma absolutamente extraordinária pela equipa, independentemente de às vezes o lado individual deles não ser tão valorizado desde que a equipa tenha o sucesso e isso para nós é o que nós procuramos, é a isso que nós nos agarramos e é esse momento que a gente quer dar continuidade e fechar nestes quatro jogos um de cada vez com essa máxima e com essa ambição de fazermos muitos pontos."