Alckmin descreveu como positiva a conversa de quinta-feira, que foi realizada 'online' e durou cerca de uma hora. Questões relacionadas com o comércio bilateral e as políticas tarifárias recíprocas foram abordadas, indica-se num comunicado divulgado pela vice-presidência brasileira.

De acordo com a mesma nota, Alckmin e Lutnich concordaram em realizar reuniões bilaterais nos próximos dias, com o objetivo de procurar alternativas para melhorar as relações entre os dois países.

Na terça-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, mencionou o Brasil como uma das nações que acusou de usarem medidas tarifárias contra os EUA e garantiu que chegou a hora "de usá-las contra outros países".

Durante a conversa com Lutnich, Alckmin disse estar confiante em como, "através do diálogo, será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária" e outras questões comerciais bilaterais.

O vice-presidente brasileiro lembrou ainda que a balança comercial entre os dois países ronda os 80 mil milhões de dólares (cerca de 74,2 mil milhões de euros), com um excedente de 200 milhões de dólares (185 milhões de euros) a favor dos EUA.

Alckmin salientou também que, dos dez principais produtos que o Brasil importa dos Estados Unidos, oito estão sujeitos à tarifa zero, e explicou que a tarifa média efetivamente cobrada é de 2,73%, um valor "muito abaixo" das tarifas nominais.

O Brasil é responsável pelo sétimo maior excedente comercial dos Estados Unidos, no que toca a mercadorias. Quando se somam bens e serviços, o excedente comercial dos EUA com o Brasil ultrapassa 25 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros), de acordo com Alckmin.

O vice-presidente reiterou que o Brasil quer reforçar a complementaridade entre as economias dos dois países, consolidar o crescimento das empresas brasileiras e "contribuir para as boas práticas comerciais entre os dois países".

No sábado, Trump ordenou uma investigação sobre possíveis tarifas sobre as importações de madeira, que poderá levar à imposição de novas taxas alfandegárias, afetando potencialmente o Canadá, a Alemanha e o Brasil em particular.

O republicano assinou duas ordens executivas a 10 de fevereiro para impor tarifas de 25% sobre as importações de alumínio e aço. O Brasil é um dos países mais afetados, sendo um dos três maiores fornecedores de aço dos Estados Unidos.

Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu quotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, México, Austrália e Brasil.

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