
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reportou um lucro de 393 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, um decréscimo de 0,5% face ao período homólogo, quando registou 394,5 milhões. O banco público contou com uma margem financeira de 636 milhões, o que equivale a um decréscimo de 11%. Este decréscimo já era expectável, tendo em conta a descida das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu.
Neste primeiro trimestre, o banco liderado por Paulo Macedo apresentou um produto global da atividade de 820 milhões, abaixo dos 906 milhões registados um ano antes. Do outro lado, os custos de estrutura subiram 10 milhões para 308 milhões de euros. O banco obteve um ROE de 24%, dois pontos percentuais a menos do que no período homólogo.
No que toca às receitas, apesar da queda na margem financeira, o banco teve um ligeiro aumento nas comissões cobradas, algo que tem acontecido em toda a Europa, e não só. Entraram 147 milhões de euros nesta vertente, mais 5 milhões do que um ano antes. A administradora Paula Geada adianta que estas comissões crescem fruto do aumento do volume de negócios, mas não na mesma ordem que o mesmo pela manutenção do preçário.
A instituição viu o seu volume de negócios crescer 9,7 mil milhões face a março de 2024 para 167 mil milhões de euros. No crédito a clientes, o banco do Estado cresceu em 1,3 mil milhões de euros, atingindo uma quota de mercado de 18%, num total de 48,88 mil milhões concedidos em empréstimos. No crédito à habitação em específico, a CGD sublinha que o crédito a jovens empurrou o montante de empréstimos concedidos em 61% face ao ano anterior, totalizando 1,14 mil milhões.
No crédito a jovens, a instituição revela que já conta, à data, com mais de 6800 pedidos de crédito à habitação. Destes estão contratados, ou em fase final de contratação, mais de 2800, equivalendo a cerca de 530 milhões de euros. Este valor corresponde a cerca de 30% do valor atribuído à CGD para a garantia pública.
Já o crédito ao consumo subiu 10% para 1,24 mil milhões.
Nos próximos anos, a CGD pretende investir mil milhões em sistema informáticos, nomeadamente em Inteligência Artificial.
O rácio de eficiência da CGD atingiu 37,3%, acima dos 32,6% que reportou em março de 2024. No que diz respeito à liquidez do banco, o rácio de cobertura por liquidez ascende a 342,5%, acima de 322,9% um ano antes. Na solvabilidade, o rácio CET1 fixou-se em 20,74%, mais 0,4 pontos percentuais do que em 2024.
Olhando para a atividade estrangeira do grupo, a CGD não ficou incólume à instabilidade de Moçambique e a perda de ‘rating’ da sua dívida soberana, como explicou Paula Geada. Fruto disto, o contributo da atividade internacional foi afetada. As operações fora de Portugal contribuíram com 34 milhões para o resultado, menos 17 milhões em termos anuais.
O rácio NPE da CGD caiu 0,05 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2024, para 1,45%, mas ficando acima de 2024. Este valor é justificado, mais uma vez, com a questão da instabilidade em Moçambique e a redução do ‘rating’ da dívida.
Sobre uma possível aquisição do Novo Banco, o CEO da CGD, Paulo Macedo, reforça que as regras da concorrência não permitiriam tal operação. Contudo, relembra que deseja um crescimento na banca de empresas, mas que tudo depende dos vendedores e das condições, quando questionado se faria sentido a compra de uma parte do negócio para reforçar este campo. Contudo, o CEO da Caixa afirma apenas que a divisão do Novo Banco “seria muito complexa”.
“A única maneira de haver impostos mais baixos é fazer a despesa pública baixar”, defende Paulo Macedo, falando sobre questões fiscais e possíveis reduções de IRC futuras. “Se eu estivesse no Governo, certamente não era a minha primeira medida, baixar os impostos da banca”, sublinha, neste sentido.
“Não é saudável para Portugal ter 50% da banca em mãos espanholas”, reforça Paulo Macedo, relembrando que é uma posição que já expressou no passado.
Sobre a venda do banco no Brasil, Paulo Macedo adianta que quer relançar o processo de venda, salientando que é “difícil” melhorar o desempenho de uma instituição que tem menos de 1% de quota de mercado, segundo o próprio.
O CEO da CGD aproveitou ainda a conferência de imprensa para negar a acusação da Comissão de Trabalhadores de que os prémios comerciais não foram pagos. Mais ainda, acusou esta comissão de nunca ter contribuído com nada para a empresa nem para os seus trabalhadores. Sobre a remuneração bruta mínima da CGD, Paulo Macedo destaca que está acima dos 1700 euros, atingindo os 2500 euros em média. Ainda sobre os recursos humanos do banco, Paulo Macedo revela que já foram contratadas cerca de 100 pessoas desde o início do ano e estima contratar “mais umas centenas”.
Em relação à próxima administração, o CEO da CGD revela que a avaliação ‘fit and proper’ ainda não está concluída.
O CEO da CGD alerta para o “quebrar de alianças”, referindo-se ao contexto geopolítico atual. Manter parcerias é um “valor a preservar” e não saber quem são os parceiros é algo negativo. Por isto, o líder do banco acredita que é necessária uma Caixa mais resiliente.
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