
A goma arábica, ingrediente utilizado em produtos como a Coca-Cola e os chocolates M&M’s, está a ser traficada em grandes quantidades no Sudão, país responsável por cerca de 80% da produção desta substância a nível mundial.
A situação, que está a ficar descontrolada, está a preocupar as empresas que dependem deste ingrediente para fabricar os seus produtos. Para além da Coca-Cola e dos M&M’s, a goma arábica também é usada, por exemplo, em batons da L’Oréal e ração para animais da Nestlé.
As Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) - grupo paramilitar em guerra com o exército sudanês desde abril de 2023 - tomou o controlo, no final de 2024, das principais regiões onde é feita a colheita de goma arábica: Kordofan e Darfur.
Desde então, este ingrediente está a ser exportado ilegalmente e comercializado a preços baixos, sem a devida certificação. A informação é avançada pela Reuters, que cita produtores e comerciantes.
“Diria que hoje em dia toda a goma arábica no Sudão é traficada, não há uma autoridade real no país”, contou à agência Reuters uma especialista em marketing da empresa de ingredientes alimentares Eco-Agri.
A situação está a gerar grande preocupação nas empresas internacionais, que temem que o produto contrabandeado acabe por entrar no mercado global. Algumas empresas admitem até começar a diversificar na origem, passando a comprar este ingrediente a outros países.
Contactada pela Reuters, a Nestlé, a Coca-Cola, a Mars - fabricante dos M&M’s - e a L’Oréal não comentaram.