A UNICRE está a reforçar o seu posicionamento estratégico no mercado de ‘acquiring’, deixando para trás o modelo tradicional centrado exclusivamente na aceitação de pagamentos. O objetivo é apostar numa oferta mais abrangente e orientada para o valor acrescentado que pode trazer aos comerciantes, num contexto de acelerada transformação na área dos pagamentos.

A empresa quer, por isso, “passar de um modelo puramente transacional para um modelo relacional e estratégico“, conforme explica Fernando Carvalho, administrador da UNICRE, ao Jornal PT50.

Nesta transformação em curso, pretende responder à rápida evolução dos hábitos de consumo, às exigências digitais e de regulação e à intensificação da concorrência no setor dos pagamentos.

“Hoje, não basta fornecer terminais de pagamento. É preciso ser um parceiro de negócio real, que ajude os clientes a crescer, a diferenciar-se e a fidelizar os seus próprios consumidores”, afirma Fernando Carvalho.

A UNICRE está a reorientar o seu posicionamento no ‘acquiring‘. O que motivou essa mudança estratégica e em que consiste?
Nos últimos anos, assistimos a uma transformação profunda no ecossistema dos pagamentos, marcada por novos hábitos de consumo, maior exigência digital e um mercado muito mais competitivo. A nossa mudança estratégica no ‘acquiring‘ nasce precisamente da vontade de liderar essa transformação.

Hoje, não basta fornecer apenas aquilo que conhecemos como os tradicionais meios de aceitação de pagamentos, os denominados terminais de pagamento automático (TPA). É preciso ser um parceiro de negócio real, que ajude os clientes a crescer, a diferenciar-se e a fidelizar os seus próprios consumidores. E é por isso que queremos passar de um modelo puramente transacional para um modelo relacional e estratégico.

Este reconhecimento de que o modelo tradicional de ‘acquiring’ estava demasiado centrado na operação levou-nos a mudar o foco para a criação de valor acrescentado para os parceiros, fazendo das soluções de pagamento um motor de competitividade, de experiência e de inovação.

Que valor acrescentado é esse que trazem? O que mudou em relação ao modelo tradicional?
A grande mudança está na visão que temos sobre o papel do ‘acquiring‘. No modelo tradicional, o ‘acquiring‘ era visto como uma ‘commodity‘, fornecia-se um terminal de pagamento e garantia-se o processamento das transações. Hoje, isso é o serviço básico. Os nossos parceiros precisam, e estão à espera, de muito mais.

Esse valor acrescentado traduz-se em várias dimensões. Na experiência personalizada para o consumidor final, pois ao integrar soluções como o Buy Now Pay Later (BNPL), carteiras digitais ou pagamentos instantâneos ajudamos os nossos parceiros a proporcionar uma experiência diferenciadora e adaptada às novas expectativas do consumidor: simplicidade, flexibilidade e segurança. Isto não só facilita a conversão, como aumenta a fidelização.

Na criação de conhecimento sobre o consumidor, através de ferramentas de dados e insights. Com soluções como o REDUNIQ Insights, fornecemos análises em tempo real que permitem aos nossos parceiros conhecer padrões de consumo, ajustar ofertas e otimizar a gestão do negócio.

Na promoção de flexibilidade e integração, que nos permite oferecer soluções que se adaptam a diferentes setores e perfis de parceiro: do pequeno retalhista ao grande operador multicanal. Exemplo: um terminal que não serve apenas para pagar, mas também para integrar gestão de stocks, faturação ou programas de fidelização.

Na criação de novos canais e métodos. O modelo atual integra o físico com o digital de forma fluída. O pagamento deixa de ser um simples ato final da compra, para ser um elemento diferenciador da experiência de marca.

E também no acompanhamento e formação. É muito importante o apoio que damos aos nossos clientes na adoção destas novas soluções, com uma abordagem muito próxima, que contrasta com a lógica puramente transacional do passado.

O mundo vive uma acelerada transformação digital, um crescente aumento da concorrência no setor dos pagamentos e também um apertar de regulação. Quais os maiores desafios que têm de superar nestas áreas?
Vivemos uma transformação estrutural no setor dos pagamentos, impulsionada pela digitalização, pela entrada de novos players tecnológicos e por um enquadramento regulatório cada vez mais exigente, o que obriga a uma capacidade de adaptação permanente.

Um dos principais desafios é a cibersegurança. Com a crescente digitalização dos pagamentos, a proteção dos dados pessoais e financeiros tornou-se absolutamente crítica. Na UNICRE, temos vindo a investir fortemente em infraestrutura certificada (PCI-DSS), metodologias como o modelo Zero Trust e soluções de análise preditiva baseada em IA, que nos permitem antecipar comportamentos de risco e mitigar fraudes e ciberataques.

A par disso, o setor enfrenta o desafio da regulação europeia crescente, em particular no que respeita a soluções como o BNPL. A futura diretiva europeia sobre crédito ao consumo, que entrará em vigor em 2026, trará novas exigências de verificação. A UNICRE encara esta regulação como uma oportunidade para aumentar a confiança no setor, criando um ecossistema mais justo e transparente.

Por fim, há um desafio relacionado com a crescente concorrência no ecossistema de pagamentos, com fintechs e plataformas internacionais a trazerem soluções altamente competitivas. A resposta passa por mantermos uma postura de inovação constante, integrando novas tecnologias e modelos de pagamento que respondam às necessidades reais dos nossos clientes – sejam consumidores ou comerciantes – aliando tudo isto ao forte conhecimento que temos das necessidades do mercado nacional.

Que tipo de inovação tecnológica está a ser incorporada nos serviços de ‘acquiring‘, para responder a todos esses desafios?
A UNICRE tem vindo a incorporar várias camadas de inovação tecnológica nos seus serviços de ‘acquiring’, com destaque para a inteligência artificial e o ‘machine learning‘, aplicados à gestão de risco, prevenção de fraude e personalização de oferta. Utilizamos modelos de análise preditiva para detetar padrões de comportamento e antecipar cenários de incumprimento ou atividades suspeitas, tornando os pagamentos mais seguros e eficientes.

Lançámos também soluções pioneiras como o Parcela Já com UNICRE, o primeiro serviço BNPL diretamente no terminal de pagamento físico em Portugal, que está a evoluir para integrar canais online. Esta solução traz conveniência para os consumidores e um aumento efetivo de vendas para os negócios.

Outros exemplos de inovação que destacamos incluem a integração do PIX como método de pagamento alternativo para responder ao crescente fluxo de turistas e residentes brasileiros em Portugal; Tap-to-Pay e carteiras digitais, com soluções modulares adaptadas a diferentes perfis de consumo; soluções omnicanal que integram o terminal de pagamento com software de faturação, gestão de stock e serviços de entrega; e a solução REDUNIQ Insights, que aplica data analytics à performance comercial dos clientes.

Estas inovações refletem uma estratégia clara: colocar a tecnologia ao serviço das pessoas, tornando os pagamentos mais simples, rápidos, personalizados e seguros.

O que os comerciantes hoje mais valorizam num parceiro de pagamentos? De que forma isso molda a oferta da UNICRE?
Os comerciantes valorizam hoje três pilares essenciais num parceiro de pagamentos: em primeiro lugar, a conveniência e simplicidade na aceitação de múltiplos métodos de pagamento; depois, a segurança e fiabilidade das transações; e por fim o desenvolvimento de soluções que contribuam efetivamente para aumentar as suas vendas e melhorar a experiência do cliente.

É com base nestas prioridades que a UNICRE molda a sua oferta de ‘acquiring‘. Procuramos disponibilizar um ecossistema completo de soluções, que vai desde o tradicional terminal de pagamento até ferramentas integradas de gestão, pagamento por link, wallets digitais e agora também pagamentos instantâneos e BNPL.

Os comerciantes valorizam cada vez mais a capacidade de personalização da experiência de pagamento – um fator que influencia diretamente a fidelização dos seus clientes. Por isso, investimos em soluções como o Parcela Já com UNICRE e na integração de novos métodos como o PIX, que respondem às necessidades específicas de diferentes públicos.

Para além disso, oferecemos serviços de apoio ao comerciante totalmente personalizados, que ajudam a desmistificar a complexidade dos sistemas de pagamento e a maximizar o retorno do investimento em tecnologia. Ambicionamos ser, não apenas um fornecedor, mas um verdadeiro parceiro de crescimento dos negócios dos nossos clientes.

Dentro das grandes tendências nos pagamentos digitais em Portugal e na Europa, que papel terá o ‘acquiring‘ no futuro do comércio físico e online?
O ‘acquiring‘ será um pilar estratégico na transição para um comércio mais digital, omnicanal e personalizado. Cada vez mais, o pagamento deixou de ser apenas o ato final de uma transação – é hoje parte integrante da experiência de consumo e um fator de diferenciação entre marcas.

Com a evolução das expectativas dos consumidores, o papel do ‘acquiring‘ estende-se à integração entre canais físicos e digitais, assegurando fluidez, segurança e adaptação a múltiplos perfis de consumo. Plataformas como o BNPL, Tap-to-Pay, carteiras digitais e pagamentos instantâneos estão a transformar o checkout numa extensão da marca.

Para o comércio físico, o ‘acquiring‘ será cada vez mais uma infraestrutura inteligente e integrada, que vai além da aceitação de pagamentos e que incluirá serviços de valor acrescentado, como analytics, fidelização e automação de processos.

Para o comércio online, o foco está sobretudo na simplicidade, segurança e personalização, com forte apoio da IA na gestão de risco, na prevenção de fraude e na adaptação dinâmica da oferta ao comportamento do consumidor.