Hoje falo sobre a tão falada e talvez mal compreendida “imaturidade profissional”. Talvez não seja um tema amplamente discutido nos corredores da gestão, nas formações de liderança ou até mesmo pela DRH, mas, vejo muitas vezes estar por detrás das decisões, das promoções e até dos afastamentos silenciosos. Esta expressão tem tido grande impacto sobre a vida profissional de muitas pessoas.
Mas afinal, o que é a imaturidade profissional?
Será falta de experiência? Dificuldade em lidar com críticas? Um comportamento impulsivo? Incapacidade de trabalhar em equipa? A verdade é que não há uma definição única e objectiva. E é exactamente por isso que se torna tão perigosa quando usada como argumento definitivo para travar ou excluir alguém.
Tenho visto recorrentemente líderes e decisores, classificarem um colaborador como imaturo apenas porque este:
- tem uma forma diferente de comunicar;
- ainda está em processo de aprendizagem;
- não responde bem sob pressão;
- ou não se molda à cultura dominante da equipa.
Pior ainda, em alguns contextos, este rótulo é atribuído como forma de desqualificar ideias novas, conter perfis mais questionadores ou justificar a falta de investimento em talentos promissores.
A minha preocupação é simples: quantas carreiras estão a ser travadas com base em percepções pessoais e julgamentos apressados?
A imaturidade profissional, tal como a maturidade, é um processo. Algo que se constrói com vivências, orientação e oportunidade. Em vez de condenar alguém por não estar ainda “pronto”, por que não assumir uma postura de liderança pedagógica e apoiar o seu desenvolvimento?
Pessoalmente, vejo a suposta imaturidade profissional como um dos menores obstáculos quando existe interesse genuíno em investir em alguém.
Tal como não se espera que uma criança saiba caminhar antes de engatinhar, não deveríamos esperar comportamentos totalmente maduros de quem ainda está em fase de crescimento profissional.
O verdadeiro líder é aquele que reconhece o potencial mesmo por detrás da imaturidade. Que sabe distinguir entre incompetência e fase de aprendizagem. E que compreende que maturidade profissional não se ensina com punições silenciosas, mas com mentoria, feedback, acompanhamento e confiança.
Por fim, deixo as questões para refletirmos juntos:
- Será que usamos a “imaturidade profissional” como desculpa para evitar o esforço de liderar com empatia?
- Quantos profissionais foram desencorajados precocemente por um rótulo mal atribuído?
- E quantos talentos se perderam simplesmente porque ninguém quis acompanhar o seu processo de crescimento?
Imaturidade profissional não é uma sentença. É apenas um estágio. E todo estágio passa se houver espaço, apoio e liderança com visão.
Conta-me, que rótulos já tiveste durante a tua trajectória profissional?