
Wang deve reunir-se com Lavrov na terça-feira, dias depois de a Ucrânia e a Rússia terem concordado, em princípio, com um cessar-fogo parcial, que contemplava por exemplo a proibição de ataques a infraestruturas de energia nos dois países, após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter falado com os líderes russo e ucraniano.
No entanto, Rússia e Ucrânia têm trocado quase diariamente acusações na sequência de ataques a infraestruturas energéticas.
No domingo, Trump fez duras críticas aos Presidentes russo e ucraniano, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, respetivamente, expressando a sua frustração em relação à postura adotada pelos dois líderes.
Apesar de admitir que foram feitos "muitos progressos", Trump reconheceu que "há um ódio tremendo" entre os dois homens. Disse igualmente estar "zangado" por Putin ter questionado a credibilidade de Zelensky.
Sobre a deslocação de Wang Yi a Moscovo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, enfatizou hoje a posição de neutralidade de Pequim no conflito.
"Acreditamos sempre que o diálogo e a negociação são a única forma viável de sair da crise. A cooperação da China com a Rússia não visa terceiros e não deve ser afetada por terceiros", disse Guo, em conferência de imprensa.
A China não mencionou a Ucrânia quando anunciou a viagem de Wang e disse apenas que os dois países "continuam a aprofundar a coordenação estratégica paralela e a expandir a cooperação prática em vários domínios", bem como a "defender as normas básicas que regem as relações internacionais".
"A parte chinesa está disposta a aproveitar esta visita como uma oportunidade para trabalhar com a parte russa (...) em questões internacionais e regionais de interesse comum", afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico ao país vizinho. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (cerca de 223 mil milhões de euros).
O Presidente chinês, Xi Jinping, frisou por várias vezes que manter relações robustas com a Rússia é uma "escolha estratégica" de Pequim.
Na semana passada realizou-se em Paris uma nova cimeira visando discutir o envio de uma força de paz para a Ucrânia, no âmbito do objetivo de cerca de 30 países europeus e de outros aliados, como Canadá e Austrália, de reforçar a posição negocial de Kiev com a Rússia.
Na mesma reunião foi acordado ainda manter as sanções económicas contra a Rússia até que a paz seja alcançada, bem como continuar a apoiar militar e politicamente a Ucrânia para que esta fique em melhor posição negocial face a Moscovo.
A viagem do chefe da diplomacia chinesa à capital russa pode também ser um prelúdio da visita oficial de Xi Jinping a Moscovo nos próximos meses.
Está previsto Xi Jinping participar nas comemorações, a 09 de maio, do 80.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
JPI // SCA
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