"Percebo que os Estados Unidos queiram concluir um acordo em 90 dias. Queremos chegar lá o mais rapidamente possível, mas esta é uma negociação entre duas partes", afirmou Ryosei Akazawa, o negociador que Tóquio enviou a Washington para encontrar uma solução para as tarifas comerciais impostas pela Administração de Donald Trump.

Akazawa reuniu-se em Washington com o Presidente norte-americano, assim como com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante do comércio, Jamieson Greer.

O ministro japonês anunciou à imprensa que os dois países estão a tentar "agendar a próxima reunião durante este mês [de abril]".

Akazawa informou ainda que recordou às autoridades norte-americanas que Tóquio considera as tarifas "extremamente lamentáveis".

"Depois de expormos as nossas ideias sobre o impacto na indústria japonesa e na expansão do investimento e do emprego no Japão e nos Estados Unidos, instei vivamente os Estados Unidos a reconsiderarem estas medidas", disse o negociador.

Tóquio tem vindo a pedir à Administração Trump uma isenção da nova taxa sobre a indústria automóvel, que é particularmente prejudicial para o Japão, na medida em que afeta uma das suas principais indústrias, que tem o maior mercado nos Estados Unidos, bem como outras tarifas aduaneiras anunciadas por Washington.

A nova taxa aduaneira dos Estados Unidos sobre as importações de veículos de passageiros produzidos no Japão passou de 2,5% para 27,5%.

Trump indicou que poderá dar mais tempo a alguns fabricantes de automóveis que estejam a ponderar deslocalizar instalações de produção para os Estados Unidos, antes de lhes impor as novas medidas.

O chefe de Estado anunciou também, na semana passada, uma pausa de 90 dias na aplicação do que designa como "tarifas recíprocas", que afetam os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que ascendem a 24% no caso do Japão.

O Japão tem tido prioridade nas negociações sobre essas tarifas.

A Administração Trump também lançou investigações de segurança nacional sobre as importações de chips e produtos farmacêuticos, que, segundo os 'media' norte-americanos, serão utilizadas para impor novas tarifas sobre esses produtos.

Embora o Governo dos Estados Unidos também acuse Tóquio de tirar partido indevido da desvalorização da moeda japonesa, o iene, para impulsionar as exportações, a questão cambial não foi discutida na quarta-feira, disse Akawaza.

O ministro, que antes de partir para Washington disse esperar "construir uma relação de confiança" para concluir "uma parceria vantajosa para ambos" os países, viu Trump juntar-se inesperadamente às negociações na quarta-feira.

"É uma grande honra reunir-me com a delegação comercial japonesa. Um progresso significativo", escreveu o Presidente dos EUA na sua rede social Truth, antes do encontro.

"O Japão vem hoje negociar as tarifas, o custo do apoio militar [dos EUA ao país asiático] e a 'JUSTIÇA COMERCIAL'", acrescentou.

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