
Os agricultores pedem apoios públicos para os sectores que possam vir a ser mais afetados pela política tarifária definida por Donald Trump, nomeadamente para as pequenas explorações familiares. Em comunicado distribuído esta segunda-feira, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defende ainda que é urgente “alterar o paradigma da total liberalização do comércio” e da política do “produzir para exportar”.
A mesma organização refere que “esta aposta de sucessivos governos não só não nos tem protegido dos nefastos efeitos da volatilidade dos mercados, como também conduziu a uma escandalosa dependência de Portugal do exterior nos produtos agroalimentares, com um défice incomportável”.
Insistir em mais tratados “é persistir no erro”
A CNA alerta também que a tentação imediata de apontar como solução a proliferação de tratados de livre comércio “é insistir no mesmo erro que nos conduziu à situação atual”.
A solução para os problemas, segundo aquela organização, passa pela reorientação da política agrícola para o mercado interno, num quadro de soberania alimentar, apostando nos circuitos curtos agroalimentares, “através da criação e dinamização de feiras e mercados locais e do abastecimento de cantinas públicas (escolas, hospitais…) com produção local proveniente da agricultura familiar”.
A CNA defende ainda uma revisão das orientações da Política Agrícola Comum, “construída sob a batuta da Organização Mundial do Comércio”. E advoga que a adoção de medidas, por parte do Governo português, para mitigar os impactos das novas tarifas e a necessária alteração da política agrícola nacional, com a sua reorientação para o mercado interno, “não pode estar dependente das decisões de Bruxelas”.
Acordo de comércio “pressionam preços para baixo”
No comunicado desta segunda-feira, a CNA nota também que, na sua “Visão para a Agricultura e Alimentação”, recentemente publicada, “a Comissão Europeia coloca deliberadamente a agricultura à mercê dos acordos de livre comércio, que pressionarão os preços para baixo, e introduzirão fatores de injustiça nos mercados agrícolas”, o que, segundo aquela confederação, irá funcionar como uma nova ameaça para os agricultores, sobretudo para os de pequena e média dimensão.
A CNA conclui dizendo que já transmitiu a sua posição ao Ministro da Agricultura, numa reunião realizada esta segunda-feira, e espera que este e o próximo governos as ponham em prática as suas sugestões “para bem da produção nacional”.