
Cascais quer reforçar a presença no setor da aeronáutica e aeroespacial e deu mais um passo nesse sentido. A Universidade Nova vai abrir um polo dedicado à engenharia aeronáutica e aeroespacial, que ficará junto ao aeródromo de Tires. Será o quarto polo da Nova no concelho de Cascais – já tem a Nova Business School, uma faculdade de Medicina e outra de Direito – e dedicar-se-á a cursos de ensino profissional na área da aeronáutica, acolhendo simultaneamente um conjunto de parcerias industriais no ramo aeroespacial.
A autarquia, liderada por Carlos Carreiras, vê o projeto como um contributo para desenvolver a zona, que ainda é carenciada. O investimento, prevê o autarca, deverá iniciar-se dentro de dois a três anos e, numa primeira fase, ascenderá a 50 milhões de euros.
O projeto foi divulgado esta sexta-feira, durante uma cerimónia que decorreu no Aeródromo Municipal de Cascais (Tires), localizado na freguesia de São Domingos de Rana, e na qual foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais e a Universidade Nova de Lisboa (UNL). O protocolo prevê a cedência gratuita, por 50 anos, do direito de superfície de 20 hectares situados nas imediações do aeródromo à UNL, onde será desenvolvido o novo polo da Faculdade de Ciências e Tecnologia.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), afirmou que a criação do polo vai “ter um impacto muito forte no desenvolvimento” do município, juntando a universidade, a investigação e a indústria.
“O objetivo é, a partir deste núcleo, criar uma linha de desenvolvimento numa região do concelho que ainda é uma região deprimida”, apontou o autarca, falando numa lógica de “aeropólis”.
Carlos Carreiras referiu que o novo espaço vai gerar a necessidade de construir vias de acesso, quer da autoestrada, quer da própria distribuição já dentro do território, e também infraestruturas públicas de habitação e serviços, como escolas e centros de saúde.
“Acreditamos que esta é uma marca que colocará Cascais ao nível daquilo que já é hoje uma oferta mundial, pois este conceito da aeropólis já existe nos vários continentes”, sublinhou.
Ainda no âmbito da construção deste núcleo, a Câmara Municipal de Cascais estabeleceu protocolos com outras entidades, nomeadamente para um curso profissional de mecatrónica automóvel, com a Associação de Formação para a Indústria e o Agrupamento de Escolas Matilde Rosa Araújo, e para um curso profissional de manutenção de aeronaves e material de voo, com a TAP Maintenance and Engineering, o Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo de Azevedo e o Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo de Azevedo.
TAP quer mais manutenção em Tires
Presente no evento esteve também o presidente da TAP, Luís Rodrigues. A companhia tem já um hangar no aeródromo de Tires, onde dá formação, mas está a ampliar a presença na área da manutenção, intenção que o Expresso já tinha noticiado. Foi entregue pelo gestor um requerimento de licença de ocupação de um hangar para fazer manutenção dos aviões Embraer da Portugália. O hangar vai agora para obras e deverá estar operacional no final do primeiro trimestre.
Foram ainda estabelecidos “um protocolo de parceria em drones e materiais compósitos”, um memorando de entendimento com uma empresa de helicópteros e um auto de receção provisória da nova torre de controlo.
"4 de julho fica marcado como o dia do início da afirmação do Aeródromo Municipal de Cascais num Ecossistema Aeronáutico onde a fusão de Aeroporto, Indústria e Academia constituirá um triângulo virtuoso de progresso, já testado e aprovado nalguns centros mundiais de aviação, cumprindo assim a estratégia anteriormente anunciada", sublinha ainda a Câmara de Cascais em comunicado.