David Bruno: “Fala-se demais de portugalidade. Se fores um cão, não precisas de dizer que és. As pessoas olham e dizem ‘está aqui um cão’”

“As pessoas abusam do termo ‘portugalidade’. Quem quer fazer música com portugalidade deve fazê-la e pronto. Ninguém precisa de dizer ‘o Emir Kusturica tem ‘balcanidade’ [pelo facto de ser originário dos Balcãs]. É só olhar e ver”: no Posto Emissor, David Bruno defende que a portugalidade na música deve existir por si mesma, sem necessidade de ser permanentemente reivindicada

Margarida Lima

Convidado mais recente do Posto Emissor, David Bruno abordou a questão da “portugalidade”, expressão que é comummente associada ao seu trabalho. “Acho que levei muitas pessoas a olharem para essa ‘portugalidade’. Mas digo uma coisa: fala-se demais disso”, afirmou. “Se fores um cão, não precisas de dizer que és cão. As pessoas olham e dizem ‘está aqui um cão’”, defende.

O músico gaiense, que lançou recentemente um novo álbum, “Paradise Village”, prossegue: “Ninguém precisa de dizer ‘o Emir Kusturica tem ‘balcanidade’ [pelo facto fazer música enraizada na tradição dos Balcãs]. É só olhar e ver. Quem quer fazer música com portugalidade deve fazê-la e pronto.”

“Paradise Village” será apresentado ao vivo no Capitólio, em Lisboa, a 13 de dezembro e na Casa da Música, no Porto, a 11 de janeiro de 2025.