A celebrar uma década de existência sobre a primeira edição, em 2015, o evento - que acontece no próximo fim de semana - convida o público a explorar mais de 70 espaços nas cidades da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), entre eles alguns dos locais mais marcantes das últimas nove edições.

"Em cada edição temos sempre um conjunto de edifícios que continuam a ter muita procura. Em Matosinhos, [são] exemplo as primeiras quatro casas do arquiteto Álvaro Siza, a Casa da Arquitectura, o Museu Vivo das Conservas Pinhais. [No Porto], a Casa sobre o Douro, a Reitoria da Universidade do Porto ou o Centro Português de Fotografia", destacou o diretor executivo da Casa da Arquitectura, Nuno Sampaio, este ano também responsável pela curadoria do Open House Porto (OHP).

Em Gaia, o curador destaca as Caves do Vinho do Porto, os Estúdios da RTP e a Ponte de São João, que "é um dos dois espaços do roteiro que tem de ser por marcação". "Eu inclusivamente nunca a consegui visitar ao longo dos anos", revelou.

Dos mais de 70 espaços que abrem portas nesta edição de 2025, 20 são novos, conta o curador, alguns concluídos nos últimos cinco anos.

É o caso do Edifício de Habitação Circunvalação I (Maia), de António Morgado, que ocupa atualmente uma parcela de terreno naquela frente urbana, até então vazia. O projeto de 2023 apresenta "uma estrutura marcada por uma quadricula de varandas nas fachadas, criando um ritmo de vazios e sombras", lê-se no programa.

Há ainda um conjunto de outros espaços, como o edifício da Lipor (Maia), que vai permitir aos visitantes perceber como é tratado o lixo na Área Metropolitana do Porto, o Colégio Efanor (Matosinhos), parceiro desta iniciativa pela primeira vez, o Estádio Universitário do Porto, o Centro Cívico de Águas Santas (Maia) e o Edifício Árvore do Atelier Pedra Líquida (Porto).

Em Matosinhos, Nuno Sampaio destaca também, a Casa Roberto Ivens - um dos muitos exemplares de casas burguesas edificadas entre o século XIX e o início do século XX -- que foi remodelada, em 1961, pelo arquiteto Siza Vieira para habitação dos seus pais e que mais tarde, em 2009, foi reconvertida, também com base num projeto de sua autoria, para acolher a primeira sede da Casa da Arquitectura.

O curador assinala ainda como novidade desta edição o alargamento do horário de visitas a espaços como a Livraria Lello (Porto), ao centenário guindaste de ferro do Terminal de Leixões -- o Titan - ou à Piscina da Marés, ambos no concelho de Matosinhos, o que vai permitir criar uma janela de oportunidade maior para os visitantes.

Com entrada gratuita, o programa inclui visitas livres, acompanhadas por voluntários ou comentadas por especialistas, além de iniciativas especiais como os programas Caleidoscópio e Plus, promovendo o debate e a interação em torno da arquitetura e da cidade.

Nesta 10.ª edição, o Open House Porto estreia uma nova atividade "Open Office", que pretende aproximar o público da realidade dos arquitetos e desmistificar a profissão.

No dia 05 de julho, entre as 18:00 e as 20:00, quatro ateliês de arquitetura, um de cada cidade do OHP, abrem as suas portas. Além de conhecer os espaços de trabalho, os visitantes vão poder assistir a pequenas apresentações onde os arquitetos falam do seu processo criativo, dos projetos que estão a desenvolver, dos desafios que enfrentam e do impacto que o que constroem tem nas cidades.

Este ano, há também visitas guiadas em inglês abrindo a porta à crescente procura de outros públicos, num esforço conjunto com o Turismo de Portugal, para transformar a arquitetura contemporânea num ativo turístico com capacidade de atrair visitantes a Portugal.

Esta edição, sublinha Nuno Sampaio, distingue-se também pela sua programação paralela, que inclui performances de dança, concertos, DJ, entre outras atividades, numa celebração dos dez anos do evento.

Numa retrospetiva sobre as nove edições anteriores do evento que envolve quatro municípios, Nuno Sampaio relembra o sucesso inesperado do primeiro ano, em 2015, altura em que cerca de 11 mil pessoas participaram no Open House Porto, mostrando-se muito satisfeito e agradecido aos parceiros institucionais e particulares que permitiram que, ano após ano, mais pessoas tivessem acesso à arquitetura.

Apenas a pandemia de covid-19 colocou um desafio ao crescimento do OHP que, em 2019, ultrapassou a marca dos 37 mil visitantes, para um total de 70 espaços. À data, em 2021, o número de visitas desceu a 721, para um total de 16 espaços.

Em 2022, já no pós-covid, os visitantes ultrapassaram os 25 mil, mas nos dois últimos anos, voltou a descer, tendo em 2024 ficado pelas 20.398 visitas para 65 espaços.

No total, em nove anos, o evento somou mais 200.231 visitas, contando com a colaboração de 1962 voluntários e com a participação 695 arquitetos, entre outros especialistas.

Quanto ao futuro, o curador acredita que o evento ainda tem alguma margem de crescimento, estando já a equipa a trabalhar em formas de agilizar as visitas para que mais pessoas possam ter a experiência a dinâmica arquitetónica das quatro cidades que acolhem o OHP.

Todas as atividades são gratuitas.