
À margem da assinatura do protocolo entre o Município de Borba e o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), o presidente da entidade, João Goulão, destacou o alcoolismo como principal adição no Alentejo.
«Muito prevalente» referiu, mesmo sendo «natural que isso aconteça». No entanto, descartou uma «atitude fundamentalista» para resolver esse facto.
«Aquilo que pretendemos é assumir que há uma determinada realidade e que é fundamental agir sobre a realidade e não sobre uma sociedade ideal e imune a esse tipo de problemas», vincou o presidente, dizendo ainda que «estamos todos cientes que isso impacta ao nível da saúde dos cidadãos, a vários níveis».
«Sabemos que o álcool é responsável por uma série de patologias e, para além disso, por violência e sinistralidade rodoviária», acrescentou ainda.
Nesse sentido, o ICAD tem trabalhado «ao longo de muitos anos», mas João Goulão admitiu que «as coisas não surtem resultado de um dia para o outro», sendo necessário «um conjunto de políticas que vamos desenvolvendo», até no recente crescimento do «abuso de ecrãs».
«Penso que a nossa atividade tem sido reconhecida nacional e internacionalmente como sendo de mérito», complementou.
Em relação aos ecrãs, o presidente do ICAD destacou que é consequência da pandemia, o que «marcou muito a sociedade portuguesa», isto porque «em muitos casos, era a única forma de comunicarmos com o próximo».
Tal facto, «condicionou muito uma determinada geração de jovens», sendo um «problema com o qual estamos a lidar com a eficácia possível e recorrendo a todas as armas disponíveis».
Desta forma, esclareceu que a estratégia é «sem dúvida, a informação e a discussão com as próprias pessoas afetadas».
«São um novo desafio e tem de passar por regulação para o qual é necessário dispormos de alguma estabilidade política», adicionou.
Outra adição trata-se do tabagismo, em que as políticas são conduzidas pela Direção-Geral da Saúde e que «tem sido bastante eficaz», já que «tem havido uma redução do número de fumadores em Portugal».
Ainda assim, João Goulão realçou que «hoje em dia, há aqui algum recrudescimento do uso de novas formas de apresentação do tabaco, nomeadamente entre os mais jovens» e que esta é uma realidade «com a qual as políticas terão de se adaptar».
Já em relação às substâncias ilícitas, frisou que «é reconhecido que temos novos desafios», nomeadamente com «novas substâncias psicoativas e novas substâncias a ganharem relevo na nossa sociedade».
«Não estamos imunes ao que vai acontecendo pelo mundo fora, mas também penso que temos sido razoavelmente eficazes», concluiu.