
Nuno da Câmara Pereira já não será candidato à presidência da Câmara Municipal de Belmonte pelo Chega. O fadista e antigo líder do PPM anunciou publicamente o seu afastamento, acusando o partido de falta de confiança na sua idoneidade, devido a um processo judicial relacionado com uma herança familiar.
A decisão foi tornada pública pelo próprio, através das redes sociais, onde revelou ter sido afastado pela direção do Chega, apesar de ter sido inicialmente convidado para encabeçar a candidatura naquele município do distrito de Castelo Branco.
“Não pedi para ser candidato. Fui convidado. Não serei candidato de quem tem dúvidas quanto à minha capacidade de cidadão livre e independente”, declarou Nuno da Câmara Pereira, deixando críticas ao partido liderado por André Ventura.
A origem da polémica prende-se com um litígio judicial ligado a questões de herança, que ainda decorre e não teve até ao momento qualquer desfecho em tribunal. Apesar disso, o Chega terá optado por colocar em causa a confiança política depositada em Câmara Pereira, levando à sua saída do processo autárquico.
“Apesar de não ter havido nenhuma decisão judicial de um caso que envolve uma herança e, como acontece em muitas famílias, provoca sempre atritos e celeumas judiciais, o Partido Chega demonstrou, por isso, reservas quanto à manutenção da confiança política”, escreveu o fadista, num desabafo público publicado esta segunda-feira.
A rutura ocorre poucos meses antes das eleições autárquicas de 2025, colocando o Chega de Belmonte em busca de um novo nome para disputar o município. O partido ainda não reagiu oficialmente à saída de Nuno da Câmara Pereira, que deixa críticas veladas à direção nacional do partido.
Com este afastamento, o Chega perde uma figura mediática que, para além do percurso político no PPM, é também reconhecida pelo seu legado no fado, o que poderia ter representado um trunfo eleitoral numa autarquia onde o partido tenta crescer.
A decisão de Câmara Pereira marca mais um episódio de instabilidade na preparação das candidaturas do Chega às eleições autárquicas, acentuando o escrutínio público sobre os critérios de escolha dos seus candidatos e o controlo interno das estruturas locais.