
A greve iniciada na segunda-feira na mina de Neves-Corvo, no distrito de Beja, devido à implementação de um novo modelo de rotação de turnos, está a ter uma adesão residual, confirmaram hoje a empresa e o sindicato.
Fonte oficial da empresa Boliden Somincor, concessionária da mina situada no concelho de Castro Verde, disse à Lusa que a adesão à greve “foi de 1%” nos dois turnos de segunda-feira e de cerca “de 0,5%” no turno iniciado na manhã de hoje.
Também Albino Pereira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), que convocou a greve, reconheceu que os números de adesão à paralisação, até ao momento, “são baixíssimos”.
“Os trabalhadores têm muito receio desta nova administração, não sabem o que os espera e têm medo de ficar na greve”, disse à Lusa.
Apesar da baixa adesão, o responsável pelo STIM afirmou que a greve “é justificável”, mantendo-se o pré-aviso para os dias 20 e 21.
“O direito à greve é dos trabalhadores e faz quem quer. Ao contrário da empresa, que está a cortar direitos, nós nunca iremos tirar ao trabalhador o direito à greve”, acrescentou Albino Pereira.
A greve na mina alentejana de Neves-Corvo foi convocada após a implementação, desde segunda-feira, de um novo modelo de rotação de turnos, com quatro dias de trabalho seguidos de quatro dias de folga (4×4).
Segundo comunicado do STIM, esta decisão viola “o acordo de empresa que está em vigor” desde 2019, considerando ser “incompreensível que a empresa não atenda a maioria dos trabalhadores, o que revela a sua total falta de respeito e arrogância”.
A estrutura sindical acusou ainda a concessionária de Neves-Corvo de pretender “extrair mais minério sacrificando a saúde dos seus trabalhadores e impedindo que estes tenham uma vida familiar e social digna”.
Em declarações ao jornal regional “Correio Alentejo”, publicadas em 06 de junho, o diretor-geral da Boliden Somincor, Gunnar Nyström, disse que a empresa consultou os trabalhadores, “nos termos legalmente previstos”, sobre a alteração à rotação de turnos proposta, que “está enquadrada no acordo de empresa que se encontra em vigor” e “cujo conteúdo foi oportunamente negociado” com o sindicato.
O gestor acrescentou que “a alteração da rotação de turnos para 4×4 é uma medida essencial para melhorar os índices de segurança da Somincor e para aumentar os níveis de produção da empresa, invertendo a tendência negativa verificada nos últimos anos”.
A mina de Neves-Corvo produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo.
Trata-se da maior mina de zinco na Europa e a sexta maior de cobre também no continente europeu, além de ser a maior empregadora da região, com cerca de 2.000 trabalhadores.
A mina alentejana tem como concessionária a empresa Somincor, que a Lundin Mining vendeu à sueca Boliden, juntamente com a mina de Zinkgruvan, na Suécia, por cerca de 1,44 mil milhões de euros, num negócio concretizado em 16 de abril.