
O futuro urbanístico da cidade do Porto pode estar prestes a mudar. A Câmara Municipal do Porto apresentou, para consulta pública, um projeto ambicioso que prevê a construção da nova avenida Nun’Álvares, uma via com 1,5 quilómetros de extensão entre a Praça do Império e a Avenida da Boavista, e integra também três grandes loteamentos urbanos, com mais de 50 lotes e 1.665 novas habitações previstas para a zona nobre da cidade.
O plano, que abrange 26 hectares na União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, tem como ponto alto a construção de três torres residenciais de 80 metros de altura — cerca de 25 andares — desenhadas pelo conceituado arquiteto britânico Norman Foster. Estas torres, que se equiparam em altura aos edifícios mais emblemáticos do Porto, como as torres de Fernão Magalhães ou o Hotel Dom Henrique, prometem redefinir o perfil urbano da cidade, mas já levantam contestação entre candidatos à Câmara e associações de moradores.
A discussão pública intensificou-se à medida que se tornou claro que as torres de Foster trarão à zona um impacto arquitetónico e populacional sem precedentes, num plano que remonta às primeiras ideias de renovação urbana de 1916, assinadas por Cunha Moraes. Ao longo das décadas, tentativas como a de 2007 esbarraram sempre na complexa teia de interesses dos muitos proprietários envolvidos.
O atual projeto apresenta um calendário rigoroso: a nova avenida deverá estar concluída em dois anos, enquanto o desenvolvimento dos loteamentos será faseado, envolvendo áreas de 93 mil, 29 mil e 140 mil metros quadrados, com um prazo máximo de seis anos para a execução global. A consulta pública está aberta até 21 de julho no portal Participa, convidando os cidadãos a pronunciar-se sobre o maior plano de transformação urbanística da cidade das últimas décadas.
Este passo decisivo da autarquia surge num momento em que o Porto se afirma como polo de atratividade nacional e internacional, pressionando a cidade a responder aos desafios da habitação, mobilidade e modernização urbana, sem perder de vista o equilíbrio entre inovação arquitetónica e identidade local.