A atual situação política em que nos encontramos, na minha ótica, representa o fracasso dos caminhos seguidos por PS e PSD ao longo dos últimos 50 anos. Muitas das propostas que deram corpo ao 25 de Abril ficaram por cumprir, e esse incumprimento é materializado nos governos que sucessivamente tivemos. Não temos habitação digna, educação de qualidade, saúde para todos e a tempo, transportes públicos que respondam às nossas necessidades. É natural que esta falta de resposta por parte das tutelas ao longo do tempo criaram cansaço, descontentamento e desespero em largos setores da sociedade portuguesa.
Tal como noutros países, quem cavalgou este descontentamento em Portugal foi a extrema-direita, com claro acesso a financiamentos em tudo duvidosos e um apoio mediático como nem se viu com PS e PSD. Convém não esquecer aqui a forte manipulação baseada na mentira no largo espetro das redes sociais, onde a extrema-direita se mostra quase como hegemónica. A extrema-direita cavalga este descontentamento apenas com o intuito de ser poder. Acabar com a corrupção e expulsar os imigrantes, apenas isto. Não sabemos, ao contrário das propostas do Bloco de Esquerda, em tudo claras, o que propõe a extrema-direita portuguesa no âmbito da habitação, da saúde, da energia, da educação. Apenas que vão acabar com tudo e correr com todos. A pergunta que se impõe é mesmo esta: O que é que vai sobrar depois da extrema-direita arrumar com tudo?
Não sabemos. Mas uma coisa é certa, sem um PS a servir de oposição frontal a este governo, como parece vir a acontecer com a liderança mais que provável de José Luís Carneiro, o caminho da oposição está aberto para a extrema-direita continuar a crescer.
Mais aberto este caminho estará se o novo governo ignorar completamente o “não é não”, abrindo espaço para a extrema-direita aplicar a sua política cada vez mais desigual e castradora das liberdades.
A resposta e o combate fazem-se com uma esquerda forte que tem que voltar a encontrar o seu lugar.

Diogo Barbosa, Representante do BE