
A experiência de desacelerar começa na sala de estar, onde uma generosa janela revela o local onde o rio Douro se encontra com o mar. Lá fora passa o elétrico, circulam automóveis, mas o movimento da cidade nesta zona ribeirinha não incomoda, apenas acentua a sensação de refúgio que reconforta com os primeiros aperitivos e saudações, apresentados e servidos por Pedro Lemos, “uma forma de me dar a conhecer e sair da zona de conforto”, descreve.
Sem pressas, é tempo de passar à ampla sala de estar onde a luminosidade, uma vez mais, se destaca, focando os tons quentes e sóbrios do mobiliário. “É como se saíssemos da sombra e viéssemos para a luz”, descreve o chef sobre o novo espaço localizado numa zona outrora utilizada como estaleiro naval.
A antiga cozinha, presente no Guia Boa Cama Boa Mesa desde a abertura, foi distinguida com Garfo de Prata em 2024. Além do restaurante em nome próprio, no Porto, Pedro Lemos comanda também o Bomfim 1896, igualmente distinguido com Garfo de Prata em 2024.
A cozinha como palco
De uma pequena cozinha no anterior restaurante em nome próprio, a equipa passou para um espaço amplo e funcional que “permite trazer mais complexidade e se nota à mesa”, considera Pedro Lemos. Comprova-se.
Com foco na dinâmica que habitualmente não se vê, ainda durante o mês de março nasce uma nova experiência: um “camarote” com a cozinha como palco, oferece 8 lugares ao balcão e permite acompanhar toda a preparação. Único, terá uma ementa diferente da sala, baseada nos produtos disponíveis no dia, em constante mutação, “sempre com uma história por detrás de cada prato” pensada para desmistificar o que se passa entre tachos e também no que respeita à harmonização vínica, com acesso à coleção pessoal de vinhos do chef. Em projeto está também a criação de um clube que abre portas para experiências gastronómicas e vínicas mais especiais.
No registo comum, a ementa divide-se entre o menu de degustação, e a opção de pedir à carta menus mais curtos, de 3 momentos, com entrada, principal e sobremesa ou duas entradas, principal e sobremesa. A carta atual permite manter os pratos clássicos e montar a experiência só com estes sabores familiares. “Já não há necessidade de estar constantemente a mudar”, até porque muitos clientes “querem voltar a pratos que gostam”, justifica.
Em projeto está também a criação de um clube
Guloso e constante
“Foie Gras, ruibarbo, brioche” (a que se pode acrescentar caviar imperial mediante uma taxa de €20); “Lírio, daikon, pistachio”; “Lavagante azul, couve-flor, tom kha gai”; “Couves, lentilhas, rutabaga” brilham nas entradas entre clássicos e novidades, enquanto nos principais pode optar pelo “Peixe do dia, bivalves e aipo”, pelo “Rodovalho, batata, açafrão” e, nas carnes, pelo “Pombo, alcachofra, beringela fumada” e pela “Vaca, grão de bico, molho de “rancho””. Como é apanágio desta cozinha, os pratos primam pela delicadeza e pelo sabor, acentuado por gulosos caldos.
Nas sobremesas, o exotismo chega à mesa nas versões “Maracujá, batata doce, ras el hanout”; “Banana, sagu, alfazema”, mas também o conforto do “Chocolate, café, rum”. Pode ainda finalizar com uma seleção de queijos portugueses.
O menu de degustação de sete momentos custa €160 por pessoa, a que se pode adicionar a harmonização vínica (€115) e um momento extra dedicado aos queijos (€20).
Mais curtos e à escolha entre os pratos disponíveis na carta, é possível optar por uma experiência de três - entrada, principal e sobremesa – (€100), ou quatro momentos, a que se acrescenta uma entrada, (€130).
O serviço acentua o caráter de proximidade e simpatia, também no que respeita aos vinhos que abrangem referências portuguesas e do mundo.
Pode ser desenhada uma harmonização não alcoólica com mocktails de autor pensados para os vários pratos o menu. Também se adapta, a pedido, a degustação para vegetarianos.
Na Foz, o novo restaurante Pedro Lemos (Rua do Ouro, 258, Porto. Tel. 220115986) abre de quarta a sábado ao almoço e ao jantar.