
“É quase o reconhecimento de uma carreira. Para mim e para a Joana isto representa muito. Arriscámos num novo projeto numa fase onde já estávamos confortáveis e, aos 45 anos, questionámos: o que é vamos fazer agora? Ok, vamos começar de tudo de novo”, reage Pedro Lemos, Chef do Ano do Guia Boa Cama Boa Mesa 2025, que recebeu o prémio, com o apoio do Recheio, na cerimónia realizada esta segunda-feira, 5 de maio, em Coimbra.
Sobre o novo restaurante, inaugurado no Porto em 2024, confessa: "sempre sonhei ter um restaurante, que fosse um clássico, nunca de modas e com este espaço sinto-me cada vez mais próximo de deixar um legado no que diz respeito à gastronomia".
O galardão, que destaca o trabalho do chef portuense, contribui para “acreditar e é uma boa motivação”, mas também uma responsabilidade: “obviamente que sabe bem receber o prémio, mas com a idade e a experiência que tenho, sei que significa mais uma expectativa que temos de gerir para quem nos visita e para os colaboradores. Os prémios têm isto de belo. Vou desfrutar, obviamente, mas assumir a responsabilidade. E não estagnar em 2025. Vou continuar a ser o Pedro Lemos”.
Nascido no Porto em 1980, neto de uma vendedora de peixe, ainda hoje é o mar que inspira boa parte das criações, mas também a montanha e os intensos sabores da terra elaborados com fogo e lenha, legado da avó materna transmontana. Quando abandonou o curso de Engenharia Civil para se dedicar à cozinha, Pedro Lemos recorreu a Hélio Loureiro e Miguel Castro Silva, então no Bull&Bear, no Porto, rumando mais tarde a Lisboa, onde laborou com Aimée Barroyer no Pestana Palace, enquanto aprofundava conhecimento na Escola de Turismo do Estoril.
Durante um par de anos, viveu “isolado” no Douro, como chef da Quinta da Romaneira dos Sonhos, à época um dos mais exclusivos alojamentos da região. Em 2009 regressa ao Porto para abrir o primeiro restaurante em nome próprio. Na Foz Velha, numa tradicional moradia classificada como património arquitetónico, assumiu uma assinatura singular, reconhecida pela presença no Guia Boa Cama Boa Mesa desde 2010, com Garfo de Ouro desde 2011, e galardoada com uma estrela Michelin em 2014, o primeiro em várias décadas a conquistá-la na Invicta.
O regresso ao Douro acontece em 2020 com a abertura do pop up Casa dos Ecos, na Quinta do Bomfim, onde trabalha receitas tradicionais em fogo e forno a lenha. Dois anos mais tarde nasce, também nesta quinta e em parceria com a família Symington, o Bomfim 1896 with Pedro Lemos.
O Guia Boa Cama Boa Mesa 2025, que conta com o apoio do BPI e do Recheio, vai estar disponível nas bancas, a partir de 9 de maio, por €19,90. Pode, desde já, aproveitar a campanha de pré-venda Boa Cama Boa Mesa, com desconto e oferta de portes.
Focado em receitas tradicionais, o traço único da sua cozinha, indiferente a tendências, ganhou luz, sofisticação e amplitude em 2024 na nova morada que há muito germinava no campo dos sonhos. Também na Foz, desta vez frente ao local onde o rio se encontra com o mar, o novo restaurante Pedro Lemos foi desenhado a quatro mãos pelo chef e a mulher e cúmplice de sempre, Joana Espinheira.
Detalhado e elegante, é um retrato de ambos e traduz “a visão que temos de hospitalidade e gastronomia”. Além da cozinha apurada com “respeito máximo” pelos tradicionais pratos da culinária portuguesa, distinta pelo elogio ao sabor, há lugar para um balcão onde, sobre a dinâmica dos bastidores, o produto fresco do mercado serve de base a jantares únicos a que se acrescentam vinhos da extensa garrafeira privada do chef, a somar centenas de rótulos nacionais e internacionais, outra das suas paixões.
Pedro Lemos trabalha na criação de um clube que juntará a esta mesa elegante sabores que sempre o inspiraram, uma forma de voltar a trazer a cozinha tradicional portuguesa aos holofotes de uma mesa sofisticada, porque “a gastronomia no país não pode apontar apenas ao fine dining”.
Destaca-se a capacidade de recriar pratos tradicionais, como a “Sopa de cebola” ou o “Rancho”, parte de uma herança baseada na autenticidade, capaz de transportar a gastronomia tradicional, de gosto familiar, para a atualidade, ao mais alto nível, e que faz dele um alto representante da cozinha lusa.