Com o passar das horas começam a surgir mais detalhes sobre os motivos que podem ter levado à colisão entre um avião de passageiros da American Airlines e um helicóptero militar em Washington, DC, na noite de quarta-feira (1h47 da madrugada de quinta em Portugal Continental). Depois de ter tentado associar o acidente a políticas de diversidade na contratação de funcionários da Administração Federal da Aviação (Federal Aviation Administration - FAA), sem provas que apoiassem a sua opinião, indicou agora que o helicóptero militar estaria a voar a uma altitude acima da recomendada.
O dado mais recente surgiu numa publicação do Presidente americano na sua rede social ‘Truth Social’. “O helicóptero Blackhawk estava a voar demasiado alto. Estava muito acima do limite de 200 pés. Não é demasiado complicado de perceber, pois não???”, escreveu Donald Trump. De acordo com a Reuters, a altitude a que os helicópteros militares que voam regularmente numa rota acima do rio Potomac - onde se despenhou o avião comercial que transportava 64 passageiros - é limitada a 200 pés (aproximadamente 60 metros) por questões de segurança.
Antes da publicação de Trump, o secretário da Defesa americano Pete Hegseth não deu uma resposta definitiva sobre a altitude do helicóptero. “Estamos a olhar para a altitude e o Presidente foi claro sobre isso: alguém estava à altitude errada. A investigação vai ajudar-nos a compreender isso. O Blackhawk estava demasiado alto, estava na rota? De momento, não sabemos ao certo”, disse à Fox News, citado pela Reuters.
Segundo a CNN internacional, a FAA encerrou indefinidamente a rota de baixa-altitude utilizada por helicópteros, próxima do aeroporto.
Hegseth defendeu ainda as declarações do Presidente Trump em relação aos programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) na FAA. “O ambiente em torno do qual escolhemos pilotos ou controladores de tráfego aéreo, como o Presidente observou ontem corretamente, tem de ser o padrão mais alto possível”, noticiou o ‘Daily Mail’.
Na conferência de imprensa em que apresentou condolências às famílias das vítimas do acidente, Trump culpou a administração do ex-Presidente Joe Biden por encorajar a FAA a estabelecer políticas de recrutamento de trabalhadores que “sofrem de deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições físicas e mentais sob uma iniciativa de contratação inclusiva”. Segundo a Associated Press, o republicano não partilhou qualquer prova de que foram colocadas pessoas sem qualificações em cargos de controlo de tráfego aéreo - ou sequer de que houve falhas por parte destes profissionais no Aeroporto Nacional Ronald Reagan.
O presidente da Associação Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo, Nick Daniels, defendeu a qualidade dos trabalhadores em entrevista à ‘CBS News’, dizendo que “não interessa a sua raça, cor, religião, podem saber que estão nas melhores mãos”.
Uma fonte não identificada disse à CBS News que as autoridades recuperaram os corpos de pelo menos 40 vítimas. O órgão de comunicação indica ainda que havia dois controladores aéreos a desempenhar várias funções no momento do acidente, com o mesmo trabalhador a gerir o tráfego de helicópteros e a gerir a descolagem e aterragem de alguns aviões. Sem responder diretamente sobre o caso por estar sob investigação, Daniels indicou que “não é invulgar” combinarem-se posições.
Uma ferramenta importante para compreender o que aconteceu está já nas mãos das autoridades: as caixas negras do avião. De acordo com a BBC, foram encontradas na quinta-feira e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês), anunciou que foram transportadas para um dos seus laboratórios para análise. A caixa negra de um avião é um dispositivo que guarda informações relativas aos dados do voo, bem como as conversas captadas no interior da cabine dos pilotos durante os últimos minutos, podendo ajudar a determinar a causa de um acidente. Antecipa-se que dentro de 30 dias seja divulgado um relatório preliminar sobre o incidente.