
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta terça-feira que o apagão do dia anterior "expôs a fragilidade" do Serviço Nacional de Saúde (SNS), num comunicado a que a SIC Notícias teve acesso.
Na declaração, a FNAM manifestou uma "profunda preocupação e indignação pelas graves dificuldades" que a falha de energia provocou no acesso aos cuidados de saúde, "deixando os utentes reféns de linhas telefónicas obsoletas e ineficazes".
A federação responsabilizou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pelas falhas ocorridas.
"O colapso dos sistemas de comunicação, incluindo as falhas sentidas nas chamadas para o INEM, evidenciou a fragilidade das infraestruturas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), negligenciadas por sucessivos alertas ignorados pela tutela."
Na segunda-feira, a falha de energia deixou o INEM sem resposta durante cerca de 20 minutos. Segundo a agência Lusa, o sistema alternativo não ativou a resposta de imediato, o que atrasou o acionamento de meios em mais de 100 chamadas e cerca de 400 foram perdidas. O INEM também esteve sem contacto com alguns meios próprios, entre ambulâncias, motos e Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação.
"A saúde pública exige respeito, investimento e liderança competente"
No comunicado, a FNAM deixou elogios aos profissionais de saúde que, em "plena crise", "voltaram a demonstrar um empenho extraordinário, assegurando cuidados urgentes e emergentes com meios reduzidos e sob enorme pressão".
"É inaceitável que, em 2025, o SNS dependa de sistemas de comunicação ultrapassados, colocando em risco vidas humanas e deteriorando a confiança da população no serviço público de saúde. Apesar das adversidades e da ausência de condições dignas, foram os profissionais de saúde que, mais uma vez, garantiram a resposta essencial aos utentes."
A federação terminou o comunicado a exigir responsabilidades políticas e medidas urgentes para "garantir que a segurança dos doentes e a dignidade dos profissionais sejam asseguradas".
"A saúde pública exige respeito, investimento e liderança competente — valores que, infelizmente, têm estado ausentes na atual governação."