O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou hoje que "gostaria que Israel parasse" planos de incursão terrestre no Líbano e apelou ao cessar-fogo, numa altura de alta tensão após a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
"Estou mais consciente do que eles sabem e gostaria que parassem. Deveria haver um cessar-fogo agora", declarou Biden à imprensa na Sala Roosevelt, na Casa Branca, quando questionado sobre se tinha conhecimento dos relatos dos planos israelitas para uma incursão terrestre no Líbano e se estava confortável com essa possibilidade.
Nos últimos dias, Israel intensificou os bombardeamentos do Líbano e matou uma grande parte da liderança da milícia do partido Hezbollah, incluindo o secretário-geral, Haasan Nasrallah. As autoridades libanesas relataram mais de mil mortes.
As palavras de Biden surgem após o diário “The Washington Post”, que cita fontes israelitas e norte-americanas, ter indicado que os Estados Unidos assumem que Israel está a preparar uma operação militar "iminente" no terreno no sul do Líbano, que segundo Israel seria "limitada".
Segundo responsáveis norte-americanos consultados pelo jornal, Israel prepara uma incursão no terreno no sul do Líbano, algo que decorre de discussões mantidas este fim de semana na Casa Branca entre os dois governos.
As fontes adiantaram que Israel parece ter reduzido significativamente o objetivo inicial dos planos de ataque e que se concentrará na destruição dos lançadores de foguetes, arsenais e outras infraestruturas militares do grupo xiita Hezbollah, que colocam em risco as comunidades do norte de Israel, e depois se retirarão.
Fontes israelitas, por seu lado, confirmaram ao “The Washington Post” a intenção do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que a incursão fosse "limitada".
"Os planos estão em linha com os norte-americanos. O entendimento é que não vamos ter outra Gaza", disse a mesma fonte.
Oficialmente, e em Jerusalém, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, insistiu hoje que Israel está disposto a fazer tudo para travar os ataques do Hezbollah e devolver os deslocados ao norte, e alertou que "a próxima fase da guerra começará em breve".
Gallant falava numa reunião com autarcas das comunidades fronteiriças do norte de Israel, a maioria das quais estão despovoadas há quase um ano, quando o Hezbollah começou a lançar foguetes e outros projéteis do sul do Líbano em solidariedade com o Hamas e os habitantes da Faixa de Gaza.
"A próxima fase da guerra contra o Hezbollah começará em breve. Será um fator importante na mudança da situação de segurança e permitir-nos-á completar a importante missão de devolver os residentes às suas casas", disse o ministro, referindo-se à maioria dos cerca de 60 mil israelitas deslocados.
"Faremos isso. E assim como eu disse aqui há um mês que mudaríamos o centro de gravidade [para a frente norte], é o que digo agora: vamos mudar a situação e devolver os moradores às suas casas", acrescentou.
Este novo aviso surge horas depois de Gallant ter dito de manhã às tropas israelitas posicionadas perto da fronteira libanesa que o exército fará uso de todas as "capacidades" e incluiu soldados de infantaria como "parte desse esforço".
O receio de uma ofensiva terrestre aumentou ainda mais nas últimas horas, após a publicação de vários relatos na imprensa norte-americana que sugerem que Israel já realizou incursões limitadas do outro lado da fronteira.