
A ministra da Economia da Ucrânia confirma igualmente o entendimento, através de uma publicação no Facebook. Yulia Syvydrenko menciona que acordou com Scott Bessent o estabelecimento de “um fundo de investimento para a reconstrução da Ucrânia”, que “atrairá investimento global para o país” e que "é uma garantia de sucesso para ambos os países", garantindo ainda que Kiev mantém "a propriedade e o controlo totais" dos seus recursos naturais.
Segundo a agência AP, os EUA pretendem aceder a mais de 20 matérias-primas da Ucrânia consideradas estrategicamente críticas para os seus interesses, incluindo o titânio, utilizado no fabrico de asas de aeronaves e outras indústrias aeroespaciais, e o urânio, que é utilizado na energia nuclear, equipamento médico e armas.
A Ucrânia tem também lítio, grafite e manganês, que são utilizados nas baterias de veículos elétricos.
"Em reconhecimento do significativo apoio financeiro e material que o povo dos Estados Unidos forneceu à Ucrânia desde a invasão da Rússia, esta parceria económica posiciona os nossos dois países para colaborar e investir em conjunto para garantir que os nossos ativos, talentos e capacidades possam acelerar a reconstrução económica da Ucrânia", refere o Departamento em comunicado.
Tensão e alterações de última hora
Washington forneceu à Ucrânia ajuda militar no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares, durante a presidência do democrata Joe Biden (2021-2025), depois de a Rússia ter invadido o país em fevereiro de 2022.
O projeto de acordo esteve durante semanas no centro de tensões entre Kiev e Washington, cujo apoio é essencial à Ucrânia.
O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, declarou hoje após uma reunião do Governo Trump que os Estados Unidos estavam prontos para assinar o acordo sobre minerais, detalhando que os ucranianos "decidiram [na terça-feira] à noite fazer algumas alterações de última hora".
Questionado sobre as alterações, o secretário do Tesouro respondeu: "Nada foi retirado. É o mesmo acordo que alcançámos este fim de semana. Não há alterações da nossa parte".
Por sua vez, o Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou que os Estados Unidos queriam algo em troca "dos seus esforços" em relação à Ucrânia.
"E nós dissemos: as terras raras. Eles têm terras raras muito boas", acrescentou.
"Concluímos um acordo que garante o nosso dinheiro e nos permite começar a escavar e a fazer o que precisamos de fazer", prosseguiu Trump, sublinhando que "também é bom para eles porque haverá uma presença norte-americana" na Ucrânia.
Uma versão anterior do texto devia ter sido assinada durante a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de fevereiro, mas a altercação sem precedentes com Trump em direto da Sala Oval precipitou a partida sem assinar o acordo.
Uma nova versão, proposta por Washington em março, foi considerada pelos deputados e pela comunicação social ucranianos muito desfavorável.
No decurso das negociações, esse documento foi transformado numa versão mais aceitável para Kiev, segundo responsáveis ucranianos.