
A França pede "acesso livre e independente dos media a Gaza para expor" o que se passa no território, que está em risco de fome após 21 meses de guerra, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
"Esperamos poder retirar alguns jornalistas nas próximas semanas", acrescentou Jean-Noël Barrot à rádio France Inter, quando questionado sobre o caso de vários funcionários da AFP que, segundo a direção da agência de notícias francesa, estão numa "situação terrível".
"Estamos a dedicar muito esforço e muita energia a esta questão", disse o ministro, falando a partir de Kiev, na Ucrânia, onde está em viagem.
"Há meses que assistimos impotentes à dramática deterioração das suas condições de vida. A sua situação é agora insustentável, apesar da coragem exemplar, do empenho profissional e da resiliência", afirmou a Agência France Press (AFP) em comunicado na segunda-feira, enquanto a Sociedade de Jornalistas (SDJ) alertou para o risco de "vê-los morrer".
"Perdemos jornalistas em conflitos, tivemos feridos e presos nas nossas fileiras, mas nenhum de nós se lembra de ter visto um colega morrer de fome", enfatizou o SDJ da agência.
A ONU e as Organizações Não Governamentais relatam regularmente o risco de fome no território palestiniano cercado por Israel após mais de 21 meses de conflito, desencadeado por um ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano Hamas em solo israelita, a 07 de outubro de 2023.
O ministro afirmou ainda que a França condena "com a maior veemência" a extensão "deplorável" da ofensiva israelita em Gaza, lançada na segunda-feira, "que irá agravar uma situação já catastrófica".
"Já não há justificação para as operações militares do exército israelita em Gaza. Esta ofensiva agravará uma situação já catastrófica e provocará mais deslocações forçadas de populações, o que condenamos com a maior veemência", afirmou.
O ministro disse ainda que a França pede "um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns do Hamas, que devem agora ser desarmados, e o acesso irrestrito de ajuda humanitária a Gaza".
O exército israelita estendeu a sua ofensiva na segunda-feira a um novo setor da Faixa de Gaza, até Deir al-Balah, no centro do território palestiniano, e pretende operar em zonas onde nunca entrou durante os 21 meses de guerra contra o Hamas, ordenando a retirada dos residentes.