
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou hoje à agência de notícias espanhola EFE que subiu para 13 o número de palestinianos mortos por disparos do exército israelita enquanto aguardavam ajuda humanitária na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
O exército israelita ainda não se pronunciou sobre o incidente, embora nos últimos dias tenha admitido disparos contra pessoas por se desviarem das rotas autorizadas perto dos pontos de entrega da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), por seu lado, confirmou no domingo que os seus hospitais de campanha no sul da Faixa de Gaza, onde estão as principais atividades da GHF, registaram pelo menos 41 mortes nas últimas duas semanas, desde que começou a operar esta fundação.
"A esmagadora maioria dos pacientes nos incidentes recentes afirmaram estar a tentar chegar aos locais de distribuição de ajuda", afirmou o CICV em comunicado.
No total, o Serviço de Saúde de Gaza, controlado pelo governo do Hamas, estima que pelo menos 127 palestinianos tenham sido mortos pelas tropas israelitas perto destes pontos de distribuição de alimentos e outros 1.287 tenham ficado feridos desde que começaram a operar a 27 de maio.
O Governo da Faixa de Gaza apelou hoje a todas as organizações da ONU para que intervenham urgentemente perante a iminente "interrupção total dos serviços básicos" no enclave palestiniano.
Num comunicado do gabinete de comunicação do Governo de Gaza, as autoridades do enclave alertaram para a interrupção, dentro de poucas horas, dos serviços básicos devido à falta de combustível e de maquinaria pesada para remover escombros e desobstruir as estradas.
"[Os municípios de Gaza] encontram-se atualmente num estado de paralisia total e numa cessação total das operações devido à intransigência da ocupação [Israel] e à sua contínua recusa em permitir o acesso ao combustível", apontou o comunicado.
Perante tal situação, as autoridades do pequeno território, controlado pelo Hamas desde 2007, pedem uma intervenção urgente das organizações da ONU e de outras instituições internacionais para fornecerem, em particular, o combustível necessário para o funcionamento de poços de água, bombas de águas residuais, veículos de recolha de resíduos e maquinaria pesada.
Desta forma, segundo acrescentou o Governo de Gaza, as autoridades locais poderão retomar o trabalho humanitário para com a população do enclave palestiniano, diante do que consideram ser "um crime de guerra e uma violação flagrante de todas as leis e convenções internacionais e humanitárias" por parte de Israel.
No comunicado de hoje, as autoridades do enclave também exigiram o restabelecimento do abastecimento de água de Mekorot, uma das principais fontes de abastecimento do centro de Gaza, que está interrompido desde o final de janeiro, o que exacerbou a crise hídrica "ameaçando graves desastres sanitários e ambientais, bem como a propagação de epidemias e doenças".
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos no Médio Oriente (UNRWA) informou que nove em cada dez famílias de Gaza enfrentam "uma grave escassez de água devido ao contínuo cerco israelita".
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes, que já provocou quase 55 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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