A IL convocou o Conselho Nacional do partido para dia 20, em Coimbra, numa altura em que um grupo de conselheiros estava a procurar forçar essa reunião para pedir explicações à direção sobre atrasos na entrega das contas.

Na convocatória da reunião, a que a Lusa teve acesso, está previsto que os conselheiros nacionais da Iniciativa Liberal (IL) discutam, no próximo dia 20 de outubro em Coimbra, o Orçamento do Estado e a situação política nacional, as eleições autárquicas e façam "um novo ponto de situação do relatório e contas do exercício de 2023".

A convocação desta reunião surge numa altura em que um grupo de conselheiros nacionais da IL estava a procurar reunir as 20 assinaturas necessárias, de acordo com os estatutos do partido, para convocar uma reunião extraordinária daquele órgão e pedir explicações à direção do partido sobre as contas de 2023.

Em causa, segundo disse à Lusa o conselheiro nacional Rui Malheiro, está o facto de a Comissão Executiva ter entregado à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), em junho, uma versão preliminar das contas de 2023 da IL sem a ter transmitido ao Conselho Nacional e ao Conselho de Fiscalização do partido, ao contrário do que estipulam os estatutos.

Na convocatória lê-se que o Conselho Nacional "é convocado para esta data devido à necessidade de ter o contributo dos membros do Conselho Nacional da IL para a discussão do Orçamento do Estado", sem qualquer menção quanto ao atraso nas contas.

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Acresce ainda que se trata de uma reunião ordinária, de acordo com os estatutos da IL, que estipulam que o Conselho Nacional se "reúne ordinariamente a cada quatro meses, mediante convocação do seu presidente". A última reunião deste órgão realizou-se precisamente há quatro meses: em 16 de junho de 2024.

No entanto, em declarações à Lusa, Rui Malheiro considerou que a Comissão Executiva "soube da convocatória extraordinária" que estava a ser organizada pelo grupo de conselheiros nacionais e "antecipou-se, marcado um Conselho Nacional exatamente com os mesmos pontos que os conselheiros nacionais estavam a prever".

Este conselheiro nacional - que encabeçou uma lista ao Conselho Nacional nas últimas eleições internas da IL, em 2023, obtendo quatro dos 50 lugares em disputa - afirmou que a convocatória prevê ainda que não será nesta reunião que a direção irá fechar as contas de 2023.

"A convocatória vem com um justificativo [que indica] que ainda não será desta que teremos contas. Mas existirá uma justificação para não termos contas, basicamente. Portanto, mesmo depois do dia 20, a IL ainda não irá entregar as contas de 2023", criticou.

Rui Malheiro disse que a IL costuma entregar as contas anuais atrasadas - a ECFP estipula que os partidos têm de as submeter até ao dia 31 de maio - e referiu que, este ano, o partido só entregou, em junho, uma versão preliminar - e não a final - sem a ter apresentado ao Conselho Nacional ou ao Conselho de Fiscalização.

"Isto é no mínimo estranho, porque, se dizemos para fora que todos devemos ter contas certas - inclusive o Governo - é um bocado estranho o nosso partido não ser o primeiro a demonstrar transparência e a calendarização não estar melhor programada", afirma.

Questionado sobre porque é que acha que a direção da IL entrega contas atrasadas, Rui Malheiro referiu que só se pode especular, mas frisou que "o nível de profissionalização nesta área em específico deixa muito a desejar", considerando "impossível" que o quarto maior partido português, com um orçamento de cerca de dois milhões de euros, "não consiga entregar as contas a tempos e horas".

Interrogado sobre o que é que pretende dizer à direção no Conselho Nacional, Rui Malheiro prometeu instá-la a "resolver a situação o quanto antes, porque já é altamente penalizador para a imagem do partido não ter as contas apresentadas".

"O nosso intuito é claramente que o partido cumpra as formalidades legais a que está sujeito, sem pagamento de multas", frisou.

- Com Lusa